E ele só se deu conta do quanto estivera cansado quando acordou; três anos, cinco meses, sete semanas, vinte e dois dias, trinta e seis horas e mais alguns minutos e segundos - era este o tempo de sono que estava devendo à vida que acabara.
Sentiu-se estranho. Parecia não caber em seu corpo, em seus pensamentos, percebeu que faltava alguma adaptação.Era estranho isso de acordar assim, sem explicação, sem relógio, sem bula.
Pulou da cama e resolveu caminhar pelo corredor que se avistava logo defronte.
Quase caiu! Algo de molhado e frio escorreu pela sua espinha.
Olhando para ele, a primeira pessoa que avistou desde que tinha acordado. Ela. A que o desprezara, caminhava em sua direção, com seu melhor sorriso jovial.
Só então percebeu que seu próprio corpo já não contava com as marcas da velhice.
Armou-se! Esperou. Tentou também seu melhor sorriso.
Ela chegou em sua frente, um envelope nas mãos, a letra de seu primeiro nome impressa em preto sobre o papel amarelo.
É; algo de muito diferente acontecera.
Chegara a hora de conversar ...

 
Mauro Guari
Enviado por Mauro Guari em 19/11/2018
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