BLACK FRIDAY DO BACA: Foi o que foi possível enviar, Waldir.

Norma chegou no aeroporto a fim de receber a visita de seu tio Waldir, que estava morando em Portugal há duas décadas. Viu o homem parecido com a foto do Facebook se aproximar.

- Oi tio Waldir.

- Oi. Norminha? É você?

- Sim tio, sou eu. Que saudade.

- Puxa, está crescida, diferente, quase não te reconheço, mesmo olhando tuas fotas nas redes sociais.

- É tio. A gente cresce, né.

Foram pra casa dos pais de Norma, onde jantaram e colocaram as notícias em dia e mataram as saudades acumuladas por anos de separação. Waldir, cansado da longa viagem, não demorou para recolher-se ao quarto de dormir.

No outro dia, ele não apareceu para o café. Deixaram ele dormir, devia ser o cansaço. Na hora do almoço, nada do tio Waldir. Bateram na porta. Silêncio. Preocuparam-se. Ao fim das contas, tiveram de arrombar a porta. Estava já gelado e duro o tio Waldir. Morrera durante a noite. Infartou.

Enterraram no Brasil mesmo, pois ele não tinha família constituída na Europa. Três dias depois chega uma caixa pelo correio em nome do Tio Waldir, vinda da Inglaterra. Abriram. Era viagra. E um bilhete em inglês acompanhava:

"Waldir, estão aí aqueles azuizinhos especiais que tu me pediu, daqueles dos bons, não essas porcarias que tem para vender por aí. Essa pequena quantidade foi o que foi possível enviar. Não vai te assanhar muito aí no Brasil, como tu faz aqui.Olha que tudo que é demais faz mal á saúde. John."

Tio Waldir não conseguiu aproveitar como queria seu retorno à pátria. O pai de Norma pediu para guardar como recordação do irmão as caixas de viagra. A empregada olhou para ele de soslaio...

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 23/11/2018
Reeditado em 23/11/2018
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