Saudade do riso

Confesso que estava rascunhando ua maltraçada sobre o excitado, frenético e em eterno frissson, o futuro ministro Ônix, o qual está balançando devido ao pedido da PGR e parece de um mistro do STF para que apure denúncias contra ele. Li no Globo que a situação dele está quase pela bola sete, apesar do aval de Moro, porque tem generais de olho, eo capitão falou que se a denúncia for robusta ataca co a Bic. No meu entender, no momento, quem pesa mais são os generais, não é Moro. Lembrei na hora que nem caldo de cana de outra notícia do Globo que mostrou o casamento desse frenético quase ministro que está balançando, vi a foto dele tirando o paletó e balançando e dançando um funk que foi filado da música Bellla Ciao, a musiquinha dz "malandra, assanhadinha, ela só que vrau, sóquer vrau, só quer vrau...". Será que ele vai dançar de novo. Tá, repito, balançando. Mas desisti. Desisti porque um amigo do sertão mandou uma fotografia antiga pela zap do meu neto, a fotografia de eu Toinho, um velho que gostava muito. E entre ônix danaando vrau e Seu Toinho, fico com o segundo.

Lembro de Seu Toinho, já be velho sentado na calçada numa cadeira de balanço, na calçada de casa, tomando um solzinho, absorto com seus pensamentos. Todo mundo sabia o que ele estava pensando. Pensava na esposa. Fazia 30 anos que pensava nela. Depois que ela morreu não passou um dia sem recordar o grande amor da sua vida. Nunca quis casar novamente, viver um novo amor. Preferiu viver das recordações. Tem mais: quando algum dos amigos deu a sugestão dele procurar u novo amor, ele se ofendeu, rompeu até amizades.

Mas gostava de conversar com os mais novos, contar os causos que viveu, suas vida de soldado no Rio de Janeiro, fatos e acontecmentos de antigamente. E gostava muito de ouvir os mais jovens. Não dava conselhos, só nos mandava abrir sos olhos. Mas um dia, até me surpreendi, eu estava sentado num tamborete na frente dele que estava na sua cadeira de balanço e ele começou a falar na sua amada. Não vou desenhar, mas era alguem que ele amou demais. O mais curioso é que ele me disse: - Sabe, rapaz, o que eu mais gostava na minha esposa? Não eram os olhos castanhos lindos, nem sos cabelos ondulados, sua beleza física, suas mãos de artista, o que mais gostava era do riso dela. Juro que fiquei surpreso. Ele então me disse que o riso dela iluminava, a pessoa podia estar com raiva, triste, num mau dia, mas se ela risse tudo melhorava. O riso dela era remédio santo. E chorava lembrando o riso da mulher. Deois perguntei a algumas pessoas mais velhas e todas confirmaram, a mulher tinha mesmo um riso contagiante.

Bem, alguns meses mais tarde, um sobrinho dele veio do Recife para visitá-lo, era um cara que gostava muito de poesia. Acho que foi na Copa de 70, e trouxe um livro de pomas de Pablo Neruda. Esse sujeito declamava muito bem poesias. Eu estava presente qando ele disse; - Tio Toinho, eu trouxe um livro de poemas para o senhor, de um poeta chileno, Pablo Neruda, como o senhor lebra muito o riso da saudosa tia, vou declamar um dos poemas desse livro. E declamou o poema "O Teu Riso". O velho se emocionou e chorou muito, ficou lendo esse poema todos os dias até morrer. Achei isso lindo, uma prova que a poesia é capaz de despertar e de certa forma alimentar um grande amor, mesmo de pois que um dos parceiros parte.

Vou transcrever o poema:

O TEU RISO

Pabo Neruda

"Tira-me o pão se quiseres,/ tira-me o ar, mas/ não me tires o teu riso.// Nao me tires a rosa,/ a flor da espiga que desfias,/ a água que de súbito/ jorra na tua alegria,/ a repentina onda/ de prata que em tu nasce.// A minha luta é dura e regresso/ pr vezes com os olhos/ cansados de terem visto/ a terra que não muda,/ mas quando o teu riso entra/ sobe o ceu à minha procura/ e abre-me todas/ as portas da vida.// Meu amor, na hora/ mais obscura desfia/ o teu riso, e se de súbito/ vires que o meu sangue mancha/ as pedras da rua,/ ri, porque o teu riso sera para as minhas mãos/ como uma espada fresca.// Perto do mar do outono,/ o teu riso deve erguer/ a sua cascadade espuma,/ e na primavera, amor,/ quero o teu riso como/ a flor que eu esperava,/ a flor azul, a rosa/ da minha pátria sonora.// Ri-te da noite,; do dia, da lua, ri-te das ruas/ curvas da ilha,/ ti-te deste rapaz/ desajeitado que te ama,/ mas qundo abro/ os olhos eos fecho,/ quando os meus passsos se forem,/ quando os meus passos voltarem,/ nega-me o pão, o ar,/ a luz, a primavera,/ mas o teu riso nunca/ porque sem ele morreria".

Adoro o grande amor. Eadoroo riso da mulher amada. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 05/12/2018
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