INVEJA, INSATISFAÇÃO. CARÁTER. 4

A insatisfação traz amargura na vida. Coroada a mente negativamente pela inveja, seu apêndice principal e dominante, transita na torpeza do caráter. Não se está onde pretendemos, não alcançamos o que era desejado, ficamos sem realização de nossos desejos maiores, e mesmo os menores. E NÃO SOMOS OS CULPADOS. Precisamos arranjar culpados.

Não adianta caminhar proclamando o “não fui”, “não sou” e “não tenho”, tropeçando nas lamúrias visíveis das frustrações do que os “outros têm”, “do que outros são”, “do que os outros vivem”, do mal estar que isso traz para os invejosos. Um desastre pessoal ver o que os outros têm e usufruem, do que conseguiram. Só falam na situação favorável de quem tem alguma coisa, é o foco central de suas vidas.Uma lástima, uma prisão sem grades. Não há reparo nem recompensa para invejosos.

O ressentimento com a concessão do que deu o destino aos outros,os que são invejados, forra a alma de escuridão dos que falam sobre o que não têm, por vezes veladamente e quase sempre, mas não passa despercebido, e lamentam a sorte dos deserdados dela, o que aparece com todo o enredo nas frestas das cortinas do palco da vida, e no entorno de suas projeções, a inveja forte, embora negada. Não se confessa o pior dos pecados capitais. Mas ele domina de forma absoluta essas almas empobrecidas do que lhes seria pacífico terem, a aceitação de suas vidas como são.

Aflora o permanente matracar sobre o que “os outros têm”, mas “não deveriam ter”, parcelas injustificadas, sempre mostradas, de uma inveja maldita desde Caim, punida a partir do Éden, arrastada no sofrimento dos que invejam, e pagam por isso, pelo próprio pecado capital que carregam com suas cruezas de alma caída, e dele não se apartam, estão encarnados nessa infeliz condição. São sombras que passam pela vida sem luz ou horizontes de paz.

Devemos “retirar dos outros” por terem mais que o necessário, impõe-se, ainda que com legitimidade tenham, fazem proselitismos os invejosos.

Adotam quase sempre as tiranias sepultadas. Querem reter sempre o que não lhes pertence, como a liberdade e os bens alheios.Baixa percepção eclode, péssimos princípios ornam a desenvoltura.

Nunca o necessitado, o invejoso, que não brigou ou lutou pelo que não tem, se fará convencido com que outros tenham, legitimamente. Nisso se mostra o péssimo caráter que trafega com desenvoltura por esse caminho escolhido. Têm instintos primitivos, sua função é pura disfunção pensamentar, não acolhe a virtude, negaceada, dela desdenha, sua escola não cuida de sua vida, que aliás lhe importa pouco, mas da vida e situação dos outros que têm mais e lutaram por ter o que ele inveja. Uma calamidade assemelhada aos porcos, fuçam o farelo para ver se lhe sobra algo de quem trabalhou, enquanto nada mais faziam do que invejar.

Suas penas são como a de Caim, condenado a viver muito para sofrer mais, expondo seu estigma como fazem os invejosos, que não têm como esconder essa pobre condição, extravasa dos poros. Explode no gestual, nos olhares de cobiça, espancam com o chicote da repetição o incomodo que traz a generosidade da natureza com os que são invejados.

Se apiede Deus dessas almas escuras, de caráter sombrio e hediondo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 10/12/2018
Reeditado em 11/01/2019
Código do texto: T6523614
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