Nem todo padrasto é padrasto

Algumas palavras estão associadas a certas imagens que fica difícil vê-las de outro ângulo.

Pessoas casam, têm filhos, descasam e casam de novo trazendo os filhos

para a nova relação, que passarão a ser enteados do padrasto ou madrasta.

Essa será sua configuração formal, legal, mas o ranço que carrega a nova configuração torna essas palavras quase depreciativas.

Tenho 2 filhos biológicos e vivo uma relação estável com minha mulher há 26 anos, mesmo com os altos-e-baixos e arranca-rabos de praxe.

Não sei o que a vida me reserva pro futuro,

perto ou longínquo.

Quem sabe não pego minha trouxa e parto pra novos ares, novos chãos, novas histórias pra construir. Vai saber.

E talvez encontre uma nova patroa com filhos que me terão como seu padrasto.

Caramba, isso soa quase como xingamento, faz lembrar daquela cruel madrasta da Cinderela que fazia tudo pra ferrar a pobre e indefesa enteada.

Essa cena foi de tal forma marcante no meu imaginário que, passados quase 60 anos, ainda mostram vigor juvenil.

Por outro lado, não encontro outra palavra que identifique o novo vínculo e que seja mais positiva e agradável pra dizer e ouvir.

Novo pai? Pai 2?

Por mais que quebre a cabeça, não consigo bolar algo com menos rebarbas do que padrasto e que consiga "explicar" a relação efetivamente instituída.

Jogo a bola pro leitor, ou leitora, que poderá sugerir algo nesse sentido.

Uma coisa posso garantir: se um dia vier a ser padrasto,

farei todo possível pra não ser padrasto, se é que me entendem.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 16/12/2018
Reeditado em 16/12/2018
Código do texto: T6528155
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