LIBERDADE... IGUALDADE... FRATERNIDADE... A FÓRMULA DA FELICIDADE

-Crônica do dia 29-12-2018-

To começando a entender Aluísio de Azevedo...

Ele precisa ser interpretado fora da lógica CRISTÃ-PATRIARCAL, e com sentimento libertário renovador, tendo por pilares a alegria e o amor.

Observem a história de João Romão.

Muita gente o pensou ingrato quando ele deixou Bertoleza.

Observem.

Em um primeiro momento Romão amava Bertoleza, e eles construíram riquezas juntos.

Viveram uma linda história de amor enquanto eram pobres e estavam lutando para vencer financeiramente.

João foi um homem inteligente, de alpargatas e abstendo-se da vaidade para construir sua vida.

Acordando cedo todos os dias, dormindo pouco, trabalhando muito, assim como Bertoleza.

Ambos trabalharam por igual e construíram seu reino.

Começa a mentira. Romão engana Bertoleza com um falso título de alforria, o que sugere a ideia de um CASAMENTO aos padrões ocidentais MEDIEVAIS, agora ressuscitados com a invenção da DESGRAÇA DESSA ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA.

Bertoleza TENTOU SE LIBERTAR NAS CORDAS DE OUTRA GARGANTA, assim como toda garota que até hoje deixa o lar paterno para fugir da opressão machista, e casa-se com outro machista.

Ele o promete liberdade, fala coisas bonitas, compra-lhe presentes, leva para viajar e... Depois... Coloca uma aliança em seu dedo, para mostrar a todos a quem ela pertence.

Em um primeiro momento, uma propriedade gerada por uma condição sanguínea ou afetiva.

Num segundo momento, um CONTRATO CIVIL que deixa implícita a necessidade de cumprimento recíproco de OBRIGAÇÕES e DIREITOS. Calma...

DIREITO de quem? OBRIGAÇÃO de quem?

Neste caso de Romão e Bertoleza a FALSIDADE desta libertação individual é representada pelo título de alforria falsificado.

E os dois enriquecem, e passam a ficar infelizes, mas, permanecem juntos. Bertoleza acha que é livre, e acha que tudo o que ela construiu ao lado de Romão também a pertence.

E Romão já indispunha de atração física por ela.

Isso fica claro quando o Aluísio fala do CACHAÇO PRETO SUADO, e dos hábitos nojentos dela.

Na mesma linha de pensamento do cara que trabalhava na pedreira de Romão que deixou o cheiro de azedo, o chá e a tristeza da portuguesa para ter o cheiro bom, o carinho, o café, a cachaça, a sensualidade e a alegria de Rita Baiana.

Quem não trocaria?

E Romão, que agora era rico e conheceu as coisas boas que seu dinheiro podia comprar, e a menina linda, filha do Barão que sorria-lhe ternamente.

Enquanto estava com Bertoleza por obrigação.

Aí, pelas descrições do autor, do fim de Bertoleza e do fim da portuguesa fedorenta, veja só a dicotomia do que se tenta tratar:

Bertoleza e Rita Baiana eram pretas. A primeira, escravizada, portanto sem saber ser feliz, e Rita, livre, portanto, feliz!

A portuguesa fedorenta, escravizada ao pensamento machista dominador.

A menina bonita era filha de um Barão do Império, também português. Porém, com pensamentos NOBRES, logo, livre na essência.

Estou falando de algo diferente de compra de títulos de nobreza. No Brasil Imperial os títulos eram conferidos às pessoas pelos méritos e impossíveis de serem transferidos hereditariamente.

DIFERENTE DA EUROPA.

Liberdade, Igualdade, fraternidade... A fórmula da felicidade.

Graciliano Tolentino
Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 03/01/2019
Código do texto: T6541788
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