As várias fases do meu luto

Perdi minha mãe há 11 dias.

Essa fase do luto é curiosa.

Porque faz vir à tona um monte de lembranças, um monte de saudades.

Nem todas lembranças e saudades gostosas de reviver.

A morte coloca um fim em várias coisas, mas outras parece que recebem uma injeção de energia e mostram um vigor exemplar.

A minha história de mãe-e-filho tem muitas coisas legais, que farei todo esforço pra manter num pedestal acessível, pra que possa tocar, sentir o cheiro, o gosto, as texturas quando bem quiser.

Mas no seu enredo também tem coisas doídas, trechos vividos que machucaram bastante a gente.

E que também insistem em ficar no palco, se exibindo com desenvoltura ímpar.

Acredito que o tempo cuidará de deixar essas coisas chatas numa gaveta fechada, pra que deixem de fazer sangrar.

Talvez tenha sido justamente essas coisas chatas que alicerçaram o amor que construí pela minha mãe, que fizeram não desistir de vê-la quando tinha todos os motivos pra fazer isso.

Talvez esteja usando essas tristes vivências como mera justificativa da minha incapacidade de dizer adeus pra ela bem antes da vida lhe dar adeus, como resposta às atitudes que não eram bem o que eu mais queria naqueles momentos.

A nossa história perdeu um dos protagonistas em 2/1/19 e isso me fez chorar como nunca chorei na vida.

Apesar de tudo foi uma perda que me fará muita falta.

Apesar de tudo gostava do jeito dela, fiz o maior esforço pra lhe dar carinho, respeito, atenção quando nos encontrávamos e tenho certeza de que lhe fiz bem de alguma forma agindo assim.

Que possamos seguir nossos caminhos em paz e serenidade.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 13/01/2019
Reeditado em 13/01/2019
Código do texto: T6549934
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