Síria, me desculpa

Síria, me desculpa por fechar os olhos em todas as vezes que vi cenas de horror e fotografias desprezíveis ao coração que não aguenta mais ver caos e perdas. Síria, me desculpa pelos homens que a machucam, que a destroem sem piedade. Desculpe-me, eles são gananciosos, querem ser poderosos e para isso não se preocupam em arriscar vidas humanas que, inocentes como são, acabam se ferindo e sangrando.

São homens maus, homens que não sabem o que desejam ao certo. Querem ser temidos, mas para isso destroem tudo o que possuem.

É uma verdadeira guerra, um turbilhão de armas, explosivos e xingamentos que silenciam vidas. Síria, sua trajetória está sendo definida por quem nada entende sobre o valor da vida. Os homens maus não entendem que suas armas não resolvem nada, não podem ser parte de uma luta que ao final levará apenas a destruição e ruína aos corações que sofrem em silêncio na incrível, mas devastada, Síria. Síria, perdoe os homens que fecham os olhos para o poder de salvar um coração, para as crianças que clamam, todas sujas com a poeira que paira sobre a cidade, poeira vinda dos prédios caídos pela força humana, pela estupidez dos homens que não carregam nada além do que ódio no coração.

Síria, perdoe por não pouparem as vidas dos pequenos que nasceram e que não podem viver de verdade, pois precisam estar alertas ao bombardeio, porque perderam seu companheiro de brincadeira. As bombas os levaram, os tiros tiraram o sopro de vida de muitos pequeninos que sem entenderem sobre a ganância estúpida dos homens, não viverão o futuro prometido que poderia ser tão bom quanto um sorriso de criança.

Síria, desculpe por destruir, causar o pior que está ainda acontecendo. Não termina a ganância humana, não desprezam o poder, mas se esquecem das preciosidades e isso, cara Síria, está destruindo o valor humano de forma arrebatadora. São homens cegos e brutos. Homens com famílias, mas que não pensam no próprio ser humano, quanto essência, como sendo seu semelhante. Se esqueceram de que foram crianças, que conheceram a Síria linda e diferente. Que puderem ver o pôr do sol de forma pacífica, que puderam dormir de noite sem medo de acordar com os gritos e tiros sem direção, mas que estão sedentos por matar corações humanos.

Síria, eu peço desculpa pela ignorância e faço de sua luta, da luta dos que ainda moram em você, que moram em seu coração e que de você vieram viver o horror de uma guerra, a minha luta também. Uno minha voz aos que também clamam por desistência de uma disputa de egos e poder. Queremos que desistam das armas e se engajem em reconstruir o que já não mais existe em ti, Síria, e que seria o valor da vida, o coração da criança que pode crescer e se preocupar com o futuro de sua caminhada. Síria, queremos lutar muito mais, às vezes não podemos, mas tentamos através das orações e palavras de amor, tentar amenizar um pouco – só um pouco – o horror que está acontecendo todos os dias em suas ruas, em suas casas, com seu povo, com o futuro de sua nação. Peço desculpas pelos homens que a destroem, homens que perderam a paz interior e agora atrapalham outros de viver em paz. Homens que se esqueceram que você, Síria, é o lar deles, é onde os corações deles vivem. Eles se esqueceram faz tempo de você, Síria.

Palavras de Verona
Enviado por Palavras de Verona em 18/01/2019
Código do texto: T6553716
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.