Recordações de meu gosto pela leitura.

Falar das leituras que impactaram minha vida remonta a minha doce infância lá na fazenda com vovó que chamava um caboclo, empregado na fazenda, seu Osmar para contar suas estórias das Mil e uma noite, dizia ele.

Geralmente ele ( apesar de analfabeto) sabia, não sei como, narrar as mais lindas histórias de uma maneira cativante como ninguém.

Quando eu estava sozinho ele se soltava mais e as histórias eram sem fim e sempre dava um toque pessoal em suas narrativas.

Quando Meus primos vinham passar as férias na roça eu pedia para vovó chama-lo para contar para os primos também.

Eram tantas mas eu não cansava de ouvi-las sabia até de cor as das mil e uma noites... sobre reis,princesas, castelos, encantamentos, bruxas, duendes e animais que falavam...

Eu e os primos sentávamos no assoalho num canto da sala e sentado num tamborete com acento de coro cru o Osmar começava as suas narrativas, agora com mais acanhamento e timidez por estar diante de pessoas da cidade, não familiarizado com o cotidiano ...mas diante da minha insistência que a cada pausa fala: - Osmar conta aquela da Princesa.... ... a de feiticeira.... .... a do corvo...e assim ia até o sono chegar e por final encerrar por aquela noite a tarefa do contador de estórias!

Os dias na fazenda eram repleto de atividades, vovó cuidando dos afazeres da casa, da cozinha, de coordenar as atividades no monjolo lá fora que sozinho ia descascando o café, o arroz, o moinho mais lá nos fundos do pomar a tritura o milho a transformar em fubá....e tantas outras coisas..

Vovô cuidando do retiro do leite, depois a lida com o gado, os cavalos....

E eu correndo de uma banda pra outra observando e questionando a todos: o que, para quê isto? E aventurando-se na mata, nos córregos, no vasto pomar ...

Quando entrava para descansar vovó ia logo dizendo: - menino pega o Jornal e vai ler um pouco. Como eu já sabia ler apesar de estar com apenas cinco anos,o que não sabia enchia vovó de perguntas, que calmamente me esclarecia.

Depois mais tarde eu e Meus pais mudamos para São Paulo aí foi um mundo novo a me encantar...

Minhas leituras primeiras depois de páginas soltas de jornais...foram os Almanaques Biotônico Foutoura e os Almanaque Tio Patinhas, os gibis, todos do Disney, ai conheci as Fábulas, me encantei com as obras de La Fontaine, Esopo, entre outros.

Conheci o Teatro e até e até me aventurei a produzir algumas apresentações beneficentes no Salão Paroquial juntamente com outros meninos que e açorianas junto comigo. Geralmente eu escrevia as mine peças baseadas em programas que me inspirava nos matinês circenses, nos programas da antiga TV record... E algumas vezes pegava algumas fábulas e reescrevia para teatraliza-las.

Assim depois da missa das 10 e depois do aviso da padre fazíamos a apresentação cobrando um ingresso simbólico cuja arrecadação entregava ao Irmão Afonso para os devidos fins.

Depois mais tarde ingressando no seminário, me fascinei com o mundo dos livros, tudo dentro da própria casa, biblioteca enorme, sala de leitura, os padres, professores ali sempre prontos a tirar dúvidas e um mecanismo acho criado por eles mesmo. Nós os alunos éramos incentivados a buscar dentro de seus próprios interesses os livros que eram disputados pelos colegas..assim surgia um espécie de disputa para ver quem lia mais, quem conhecia mais as obras deste ou daquele autor, eu inicialmente por conta própria me encantei com um livro bem grosso, não me lembro mais o autor, o título...lembro que era a de um garoto de minha faixa etária, 14 anos que viveu intensas aventuras no seu país Finlândia e as descrições eram tão vivas e ricas que até parecia uma fotografia,apesar de groso o livro eu degustei em pouco tempo este livro.

Depois conheci Julio Verne e me encantei com o Cinco semanas num balão, as sensações, as aventuras vividas pelos personagens penetraram tão fortes em mim que meio século depois ainda sinto o vento bater na minha pele, o cheiro da mata, a emoção de estar voando a à mercê do vento, o medo dos ataques dos aborígenes, os momentos em que animais ferozes ofereçam perigo,momentos de apuro no céu e na terra...

Depois me encantei também com todos os outros livros dele.

O Pequeno Príncipe ensinou me lições que guardei para minha vida até hoje, aí me interessei para saber a história da vida do autor, Saint Exupery e fascinei me me interessando a conhecer as suas demais obras.

Jose de Alencar, lo mais marcante Iracema,

Castro Alves, Navio Negreiro,

Carlos Drumond, e suas obras,

Vinicius de Moraes, toda sua poesia,

Menoti Del Picchia com o se Juca Mulato,

Alan Kardec, em sua obra Gênese, ajuda entender origens da terra e dos seres...

E tantos e tantos outros autores que tanto contribuíram com minha formação e contribuiu para o que hoje sou.

Ficaria o dia todo falando sobre o que li sem contar a fascinante literatura Russa, Nórdica, Inglesa, Francesa, Americana, entre outras.