41. Bela Flor

Eu caminhava a passos largos pelas avenidas daquela pacata cidade, sempre a procura de algo, mas com olhos baixos encarava o chão. As ruas eram cheias de lodo, uma crosta negra formada pela mescla de medo e razão. Sempre a procura de algo, sem saber o que, nem como encontrar, encarava o chão. A passos largos, encarcerei meu coração, completamente tomado por essa crosta, mescla de medo e decepção.

Onde mesmo que vi aquela flor? Por que a perdi? Por que a deixei ir? A única flor capaz de se nutrir daquela crosta negra e transformá-la no perfume mais sublime que já experimentei. Pequena, ao chão, estava em meu campo de visão e fez questão de tocar o meu coração. Eu a achei.

Bela Flor, meu amor, transformou todo o medo em esperança, arrancou pelas raízes as decepções, e como adrenalina ergueu-me a cabeça para vislumbrar os céus, azuis. Agora, a cidade é apenas uma cidade, as esquinas, possibilidades, e com essa flor ao meu lado, não sinto mais medo e sempre estou a procura de, apenas, algo, o doce sabor de sentir em meu tato a ternura do meu, nosso, amor, Bela Flor.