O sabor de um beijo

Quando ela tinha quase 30 anos, sua tia, irmã de seu pai, fez 50 anos de casada. Bodas de Ouro! Essa data foi comemorada com uma belíssima festa que reuniu boa parte da família em uma cidadezinha do interior. O seu primo veio com a família, de São Paulo, trazendo junto com eles, um belo rapaz de 19 anos, sobrinho de sua esposa. Foi chegar à casa da tia e trocar um olhar com aquele rapaz e seu coração se encher de emoção, ao ponto de sentir palpitações e lhe faltar o ar. Ela não era uma mulher bonita, mas tinha graça, educação, simpatia, elegância e uma conversa agradável. Pois esse garoto lindo, de sorriso e olhar especial também se encantou por ela. No dia seguinte, estavam à porta da casa dessa tia, várias meninas, jovens lindas da família, filhas de suas primas e primos querendo paquerar com o rapaz. Ele deu bom dia e discretamente saiu, já sabia o endereço onde ela se hospedara e lá estava a lhe esperar. Atração fatal!!! Ela já tinha notícia das primas que o paqueravam e lhe perguntou por que ele não se interessava por elas que eram jovens e bonitas, tendo respondido que eram bobinhas, não sabiam conversar. Ela, sim, tinha maturidade, boa conversa, amabilidade conhecimento e era disso que ele gostava. Nesse mesmo dia foram a um almoço na casa de outro primo e a paquera se tornou evidente, já não podiam disfarçar. Ela, maravilhada com tudo aquilo e um pouco encabulada, já que era tímida. Ele, apesar da juventude da idade, era maduro, um papo super agradável, lhe dizia coisas maravilhosas e ela adorando tudo aquilo. Chegou à noite e eles se afastaram da casa, caminhando até a pracinha da cidade que não tinha uma boa iluminação. No céu a lua, em quarto minguante, os observava e assim ficaram mais à vontade para conversar. E naquele cenário romântico foi trocado o beijo mais saboroso de toda sua existência. Aquele beijo que demorou um tempo para que os lábios fossem tocados, antes teve afago, carinho, ternura, olho no olho e, quando aconteceu, marcou para sempre uma vida. No outro dia, à noite, teve a festa no clube, ela deixou a timidez de lado e dançaram, riram, conversaram, trocaram beijos, sem se importar com os olhares dos curiosos. E como tudo que é bom dura pouco, no dia seguinte eles já tiveram que retornar para São Paulo. Levou o endereço dela e lhe escreveu uma linda carta de amor que guarda até hoje, pois contém palavras carinhosas, lindas e elogiosas sobre sua pessoa. Quando ela se sente triste ou desanimada, abre a sua caixa de coisas e faz uma releitura dessa carta chegando a sentir o sabor daquele beijo, o que lhe proporciona momentos de alegria e felicidade por ter vivido momentos tão especiais, curtos, porém de forma tão intensa.

Cláudia Coêlho
Enviado por Cláudia Coêlho em 10/02/2019
Reeditado em 14/04/2021
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