FRANQUEZA. DOM. AGRESSIVIDADE JUSTIFICADA. JORNALISTA MORTO.

Uma fatalidade sem medidas mata um eminente jornalista. Ontem fiz uma singela homenagem a Ricardo Boechat, e retirei. Era apenas um registro.

Hoje ouço algumas de suas falas de matérias importantes. Severo e com tom de agressividade, a mesma que o direito justifica pelo instituto da retorsão, a resposta no mesmo tom do agravo. E ouvi sua veemente posição contra a intolerância religiosa colocando onde devem ser colocados curandeiros e estelionatários (fatos definidos na lei como crime), escorados na fé obscurantista e canhestra, mercantil.

Falava com intensidade usando palavras fortes.Era um esteta dos textos e confessava que esse era seu mister vocacional. Assim demonstrava sua fluência verbal rica e de improviso. O improviso é para poucos, deriva do dom, não se constrói. Palavrões eram administrados como os que sabem usá-los, “com elegância”, nas horas próprias e convenientes, e desafiou contendores.

Não era um matuto desses analfabetos que surgem na internet a deitarem suas besteiras e dissertarem palavrões à falta de vocabulário. Mas muitos felizmente sabem que vieram de seus quintais estreitos, e declinam seus complexos, os mais agastados listando suas imensuráveis limitações, que esses párias penejam, nos reles traçados, e não têm como abafar, brotando como fungos dos dejetos. Nada aprenderam com um Boechat e outros.

Boechat foi uma escola, porfiou, suas veemências que se podiam tomar como agressões tinham origem em insultos. Era um tribuno do povo. Tinha destino sua fala ou escritos. Era homem, tinha hombridade. Nominava a quem se dirigia, identificando e nominando a pessoa, vis a vis, ouvi hoje ao que emprestaria minha voz. Se dirigia dando nome a um defensor da intolerância religiosa.

Nunca se escondeu atrás do genérico como o covarde se esconde, e a antena hoje serve de palco a essas figuras rotas que se entende pela covardia empunhada e total analfabetismo de tudo. A antítese do jornalista morto.

Ricardo Boechat combateu poderosos de todos os níveis sem barreiras, do STF, Executivo, Legislativo. Não era um moleque como se vê hoje a rodar na antena.

Em momento em que muitos que mal sabem o alfabeto ou rudimentos de gramática soletram entre patranhas e asnices meia dúzia de nonadas para outros tantos do mesmo nível lerem e (des) considerarem, com azo intenso na internet e nos canais sem nenhuma regulação abertos, perde-se um nome que dizia o que queríamos dizer e não tínhamos veiculo amplo. Meu respeito a Ricardo Boechat. Fique na calma e paz da eternidade.O Senhor esteja convosco.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/02/2019
Reeditado em 12/02/2019
Código do texto: T6572976
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