NÓS DECIDIMOS COMO O MUNDO ANDA

Fascismo, comunismo, capitalismo, socialismo, liberalismo, ditadura (esq ou dir).

O meio social do planeta sempre esteve dividido, entre etnias, credos, nações, costumes e outras tantas particularidades, que só serviram para criar diferenças e mitos.

Perguntei a vários estudiosos sobre o motivo principal de tentarmos proteger culturas, idiomas e costumes, que, naturalmente, caminham para a extinção ou foram perseguidas por outros povos mais fortes, invasores, conquistadores. Todos, sem exceção, responderam que a beleza do conhecimento humano é a diversidade. Concordei, é claro! Porém, isso não serve como resposta. Acrescentaram que o registro da existência e características de cada núcleo, encorpa a historiografia mundial. Voltei a concordar, mas continuei sem resposta adequada.

O fato indiscutível é que somos, por natureza, contraditórios e extremistas.

Alguns de nós vivem para se locupletar a qualquer custo, passando por cima de regras, ética, respeito, solidariedade e preocupações genéricas. Esses não se importam com mortes, flagelo, destruição, devastação ou desequilíbrio. Contanto que ganhem, vão em frente.

Outros, que perfazem a maioria, e que não tiveram a oportunidade de reunir condições de conquistar um lugar ao sol, ou ficaram pelo meio do caminho, costumam se tornar idealistas de ocasião, ou seja, escolhem um tema e o defendem apaixonadamente. Há os mais discretos e os escandalosos, mas são muitos os que escolhem um, meia dúzia ou uma porção de temas, que passam a defender como solução para muita coisa ruim que acontece.

Nessa performance que desenvolvem, uns e outros, há sempre pontos em comum, como idolatria (por pessoas ou coisas), obsessão emocional, imposição crítica, exposição de argumentos favoráveis e contrários e estratificação da própria situação com citações filosóficas.

Conquistadores e conquistados, privilegiados e desprovidos, todos caminham para um fim comum, mas discutem como se esse fim, e a própria trilha que a ele conduz, pudesse ser transformada em alameda aprazível e paradisíaca, e o final fosse um arremate auspicioso. É claro que alguns pensam nisso de forma mais egoísta que outros, pois há os que querem tudo para si, para os seus, para os simpatizantes, para os compatriotas, para os de certa etnia, e aí por diante, numa profusão de agrupamentos delirantes, que dividem a humanidade.

Não é preciso ser inteligente, culto, estudado ou muito esperto para entender que nada vai mudar ou melhorar, se o cerne, o fulcro, a célula principal da raça que domina o orbe, não mudar seu foco, seu jeito de viver, seu jeito de interagir, ou seja, cada um de nós. Cada ser humano, cada pessoa é parte da engrenagem que move o mundo, e cada um que adoece ou morre, se não for, devidamente, substituído, prejudicará o movimento. Aliás, o prejuízo já está acontecendo faz tempo, o desequilíbrio é evidente, tanto no ambiente como na civilização tão multifacetada em que vivemos, e através da qual falamos bem e agimos mal, sempre.

Os sistemas citados no início do texto servem como exemplo de propósitos, princípios e intenções (boas ou más), que nunca se concretizarão, ao menos plenamente, simplesmente, porque cada ser, cada pessoa precisa compor o todo, e se não há consistência no indivíduo, nunca haverá num agrupamento ou no orbe. Muitos defendem a ideia de que basta estabelecer um sistema e, aos poucos, todos aderirão, formando uma massa homogênea de participantes felizes e realizados, mas a própria história e o bom senso mostram que isso é impraticável, não só por desconsiderar a multiplicidade personal dos habitantes deste globo, como, também, pelo fato de necessitarmos que cada unidade humana seja dativa, cooperativa, consciente, solidária, universalista, apátrida, desapegada de si e de interesses próprios, em benefício da coletividade, e ainda considerando que coletividade seja toda a humanidade, sem restrições.

Defender sistemas é atitude infrutífera, pois todos são falhos, e sempre privilegiam uns em detrimento de muitos, mesmo que existam pequenas diferenças, que não são suficientes para serem consideradas plausíveis. Nestes tempos de oráculo eletrônico, todos os que têm um telefone conectado ou um computador, adquirem conhecimento instantâneo, e passam a saber “muito”, utilizando esse “saber” para defender um ponto de vista, que só não vê quem é tacanho, cego, alienado, porque estão aí as evidências. E assim o debate se perpetua.

Redes informativas, mídias sociais, todo um aparato global, que serve a esse propósito, fornecendo “provas”, “estatísticas”, “denúncias”, que mantém a discórdia; mas a estruturação e corporificação do bem, das virtudes, do labor, do voluntarismo e concórdia, em cada elemento humano, segue num desprezo total. Enquanto a crítica prevalecer, a união é mera utopia.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 13/02/2019
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