Lendas de uma infância perdida

A minha infância foi recheada de muito folclore, mitos e lendas. Muitas coisas que hoje já nem comentam mais. Esta última geração, na sua grande maioria, nunca ouviu falar de lobisomem, mula sem cabeça, saci-pererê, mãe d'água, caboclinho, etc. Estes seres povoaram a mente de muitas crianças que tinham sérios problemas como dormir em quarto escuro, passar perto de cemitério, ficar em casa sozinho e vai por aí a fora. O imaginário infantil tinha esses monstros que de certa forma até ajudavam a manter a molecada sob controle, principalmente na quaresma, a tal mula sem cabeça era um suplício. Nas noites de lua cheia era o lobisomem que aterrorizava. Quem não se lembra da mulher loira que aparecia nos banheiros das escolas?

Nossa realidade mudou muito. Hoje estes personagens deram lugares à monstros de verdade. Monstros em forma humana que, por exemplo, entram nas escolas munidos de armas de fogo, arcos e flechas e machadinhas e matam na vera mesmo. O imaginário de uma geração deu lugar a lobisomens de carne e osso, que não se limitam a silhuetas e sombras na escuridão, mas saem da Deep Web e cometem massacres tirando a vida de inocentes de maneira cruel, matam sonhos de famílias e transformam a vida de muitos pais num verdadeiro pesadelo.

Sinceramente...

...O Brasil precisa de socorro em caráter de urgência.

Sou mais o lobisomem, a mula sem cabeça e o saci-pererê do que estes fungos de uma sociedade que se descuidou de valores tão importantes, como desligar os celulares e computadores e ter todos os dias um momento de convívio real com tudo que uma família tem direito, principalmente voltarmos ao hábito de contar e ouvir histórias.

Que saudades da minha infância...

Lael Santos

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 28/03/2019
Código do texto: T6610003
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