CHATA DE NASCENÇA

Há quem diga que sou chata de nascença, mas o que seria ser chata e ainda de nascença?

Seriam as características herdadas geneticamente dos antepassados, ou ainda as que cultivamos nos primeiros anos de vida?

O que seria uma pessoa chata afinal?

Se não gosto de sorvete sou chata. Se gosto de novelas sou chata.

Se não gosto de filmes de terror, pornografia, chicletes, chocolates, salto alto, roupas amarelas, arroz integral – sou chata. Se não gosto de redes sociais, aí sim, sou “chata de galocha”.

Mas por que meus gostos podem influenciar tanto na vida das pessoas, mas influenciar negativamente, para que isso se torne um incomodo na sua passagem por este mundo?

O problema é que a cada dia, mês, ano, as pessoas têm diminuído sua cota de tolerância com as diferenças, ter hábitos, vontades, sonhos, desejos, comportamento, gostos que não compartilham da maioria é inadmissível.

Onde já se viu não ter Facebook, não seguir ninguém, ou pior, nem ter Instagran? Ser assim é quase que uma ofensa à moral e bons costumes, que regem a humanidade nos dias de hoje.

Se você é ateu, evangélico, budista, católico, adventista, batista, merece ser apontado na rua, e se não for nada disso, merece também.

Se você tem uma opinião formada, ou como dizia minha avó, tiver a resposta na “ponta da língua” – nossa como você é chata. Se quiser um tempo para refletir antes de dar sua opinião – cruzes quanta chatice.

Talvez as pessoas tenham perdido o orgulho de serem únicas neste mundo, cada vez mais querem ser iguais e fazerem as mesmas coisas, mesmas escolhas, querem até terem as mesmas poses em fotos, pois bem, se é assim, continuarei sendo chata.

Me recuso a abrir mão da minha singularidade, me oponho as opiniões formadas para ter aceitações, continuarei a me opor àquilo que não aceito, comerei e beberei o que realmente gosto, assistirei aos filmes que realmente chamarem minha atenção e não por terem grande bilheteria, comprarei CDs e ainda ouvirei apenas as músicas que falam comigo, continuarei a conservar e valorizar os amigos reais conquistados pelos anos da vida.

Se ser autêntica sem ser ofensiva é ser chata, sou chatíssima! E assim serei até o fim dos meus dias se Deus me permitir e conservar em mim a essência que depositou quando me criou.

Me perdoe os legais, os bacanas, os mais curtidos, mas a chatice de ser quem realmente se é vale muito a pena, porque isso significa ser único.

Roberta Krev
Enviado por Roberta Krev em 16/04/2019
Reeditado em 22/04/2019
Código do texto: T6624640
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