Acorde Gilmar

Tanto tempo ali parado, debruçado na janela do meu quarto, vendo o tempo passar devagarinho em minha frente, os pensamentos iam, vinham e se perdiam em períodos de esquecimentos, cheguei a misturar lembranças do passado com imaginações hilárias de um futuro longínquo que nem sei se viverei.

Tem dias que acordo assim, não sei se é uma preguiça momentânea de escovar os dentes e ir fazer o café ou se é necessidade fisiológica de ir acordando aos poucos, ir devagarinho se despertando, se espreguiçando, preparando o corpo para mais um dia de vida, de suor e batalhas.

Um calango serelepe, sedento por insetos suculentos desvia minha atenção, me faz esquecer o que de bom estava pensando, talvez algo importante, não sei mais, se era passado ou futuro, só sei, agora, é que

o presente me chama, conclama meu nome para a vida, para a realidade lá fora. “Vamos Gilmar, acorde pro mundo, o sol te espera para flambar tua pele, o vento lá fora quer inflar teus pulmões, vambora meu, deixe que tuas pernas te guiem e te levem pra longe, anda Gilmar.”

Nesse momento já acordei, me levantei, mas, minha alma ainda não, semicerro os olhos, parece que a cama me chama de volta, sinto-a do meu lado, toda aconchegante, me dizendo vem, toda acolhedora, como sempre foi, irresistível, querendo me abraçar em seu colo, me cobrir com seu manto, me resgatar em teu seio, que convite tentador, estou quase voltando, de repente, uma brisa real de sotaque cruel sacode a cortina tocando em meu rosto, raios solares invadem meu quarto pulando a janela, a agressividade desse momento arregalam meus olhos e como um farol alto de um carro contrário, e se ilumina o meu dia, aí não tem jeito, já sei o que essa voz quer dizer, acorde Gilmar.

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 19/05/2019
Código do texto: T6651187
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