REPÚBLICA OLIGÁRQUICA DO BRASIL

Somos, quase todos, experts, grandes estrategistas, intelectuais, hermeneutas e ótimos cidadãos, e podemos apontar o dedo, lançar desaforos, fazer caricaturas, zombar, xingar, dar asas a qualquer crítica, seja verdadeira ou não, fiel aos fatos ou não, desfazer de declarações ou pronunciamentos, apontando deslizes, ignorância, amadorismo, hesitação. E tudo isso será, sempre, em nome da democracia, do avanço social, da luz contra as trevas da ignorância.

O único porém é que nosso país, como, praticamente, todos no planeta, nunca viveu sob um regime democrático. É bem verdade que se alega isso, ufaniza-se a respeito, mas sempre fomos, desde o império, uma oligarquia. Houve períodos um pouco melhores, outros piores, mas nunca deixamos de viver sob regime oligárquico, no império, no estado novo (com letra minúscula, mesmo), na revolução militar e em todos os governos entremeados e posteriores.

Dom Pedro tomou a iniciativa de separar-se de Portugal, incentivado pelos detentores do poder, que continuaram a controlar as rédeas do governo imperial, tomando todo o cuidado de fazer crer que imperadores davam as cartas. Dom Pedro II foi um grande homem, mas não pôde se abster de acompanhar as regras que se lhe impunham. O mesmo ocorreu com a república, que só foi proclamada por um asmático, em plena crise, com o aval do poder dissimulado e efetivo, que manteve o poder militar, estabeleceu as regras do café com leite e pôs um ponto final no esquema, quando alguns tontos começaram a por as manguinhas de fora, acreditando que, sendo parlamentares, tinham o poder em mãos. Os patetas de sempre.

Vieram os militares gaúchos, estabeleceram uma ditadura, rígida para a maioria, mas bem servil aos interesse oligárquicos presentes. Para dar, novamente, ares democráticos aos procedimentos públicos da nação (só para inglês ver, é claro), findou-se o estado novo, houve eleição, voltou o antigo ditador, matou-se, veio um empreendedor, que gastou mais do que foi autorizado, e até se permitiu que um socialista gritador assumisse a presidência. O problema é que ele se rebelou contra seus patrões e foi defenestrado. O vice, que, tolamente, achou que poderia peitar o poder, junto com seu cunhado faroleiro, virou nada.

Os militares se estabeleceram, aceitaram as regras do poder estabelecido, e tiveram até bastante corda, para organizar a infraestrutura necessária, após a mudança da capital federal, mas tinham que manter o controle social, e agiram de conformidade com o que se estabeleceu.

Os oligarcas sempre tendem, após certo tempo de restrição, a permitirem liberdades, para que sejam facilitadas as trocas internacionais, que se baseiam na pura hipocrisia, já que nenhuma nação respeita, plenamente, seus cidadãos e o meio ambiente, mas como cada um de nós, essas nações se julgam virtuosas e avançadas, crendo poder apontar o dedo, também.

Assim, terminou o período militar e começaram as aventuras pseudodemocráticas, em que presenciamos todo tipo de falcatrua, dissimulação, populismo, idolatria e desfaçatez, mas como sempre acreditamos que o próximo será melhor que a porcaria que está saindo, botamos fé em um ou outro. Assim venceram vários patifes, desde os militares e até recentemente.

Nenhum dos péssimos governantes que tivemos, tinham a menor noção do que faziam, e isso serve a todos, inclusive àqueles que se julgam intelectuais, e são apenas bocós pedantes. Já outros nunca esconderam que eram apenas aventureiros mesmo, que queriam fazer nome, e ainda acreditavam que podiam começar bajulando o poder efetivo (os oligarcas), para depois lhes tomar as rédeas, num plano destrambelhado de aparelhamento das instituições. Quando achavam que estavam com a faca e o queijo na mão, derraparam feio na curva, deixando à mostra um rastro de devastação absurda.

Na esteira desses acontecimentos, temos hoje um militar da reserva como presidente, e alguns militares que o assessoram, além de muitos que o apoiam. Ele é experiente? Não! Fala bobagens? Sim! Mais que seus predecessores? Não! Defende coisas polêmicas? Sim! Fez algo ruim, até agora? Não! Tem assessores confusos? Sim! Isso nunca aconteceu antes? É claro que sim! Muitas vezes! Porém, ele está roubando ou ajudando a roubar? Até agora, não!

Ele está a serviço de oligarcas? Sim! Como todos seus predecessores, mas com uma razoável diferença. Não pediu licença para roubar, não está fazendo concessões, e se há uma galera histérica gritando que a democracia está em perigo, vale lembrar que de ilusão também se vive. Se os militares intervierem ou não, podemos ter certeza de que os que detém o poder não deixarão os arrogantes tolos do congresso e judiciário agirem bestamente por muito mais tempo. Os negócios não podem ser prejudicados por bobalhões e suas megalomanias.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 23/05/2019
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