A POESIA FLUTUA NO AR

A Poesia flutua no ar (publicado em 05/11/2010)

Um dia eu olhei para o céu (que fazia parte do meu dia, como fazia parte a terra) e eu vi as folhas dos cafezais suspensas no ar (que era puro como a água) por momentos em redemoinhos (como que misturando o tempo e a vida) elas eram levadas pelo vento (que se move adiante sem olhar para traz)

Era o vento do inverno rigoroso (das geadas feito cristais)

Do sol encantador (encobertando de ouro todas as cores da natureza)

Das noites estreladas (as estrelas ao alcance de nossas mãos).

Da chapa do fogo à lenha (aquecíamos o corpo, a comida e a alma)

O colchão de palha do milho (aquele cozido e comido sob a sombra da cerejeira)

A noite que naquele tempo era escura (trazia os assombros da imaginação)

O dia seguinte era esperado com emoção (nunca era igual, mesmo sendo apenas outro dia)

Havia uma magia naqueles tempos

As pessoas se visitavam e as novidades eram contadas pessoalmente

Os olhos que ouviam brilhavam, as vozes que falavam embargavam

Os abraços eram acompanhados de lágrimas, que fluiam ao natural.

As pessoas sentavam à mesa educadamente e a reza que era para agradecer a comida se tornava uma benção para viver cada dia.

O silêncio demostrava o respeito e as risadas a liberdade de um convívio feliz.

E se conversava sentado nas varandas, em frente as ruas onde circulavam as pessoas que se cumprimentavam.

É ...o tempo passou.

Mas ainda é gostoso saber que vivemos naqueles tempos em que os chinelos nunca ficavam virados para cima.

- E se orássemos novamente?

- E se nossos olhos brilhassem novamente?

- E se tirássemos este medo de viver as fortes emoções?

- E se esperássemos o amanhã como uma benção de Deus?

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Comentário:

05/11/2010 14:19 - Hanid (in memoriam)

R0BERTSON Tua página fazendo a poesia flutuar no ar, nos faz recordar o tempo que passou e ficou retido em nossa memória, como se hoje, estivéssemos convivendo. Sinto-me no norte do Paraná, quando floresciam os cafezais e minha imaginação quando a primavera chegava e a florada exuberante, parecendo cobertas com extensos lençóis branquinhos, como se a neve tivesse caído do azul do céu. Quanta saudade quando sentávamos na varanda,conversando ,dialogando, planejando com olhos nos olhos , vendo quem passava e ouvindo o canto dos pássaros que pulavam de galho em galho na frondosa amendoeira. Tudo passa....mas deixará sempre gravado em nossos corações, todos os momentos de felicidade tão sabiamente vividos e compartilhados. Tudo passou, mas se alimentarmos nossa alma nosso eu interior, poderemos sim, reviver momentos desta nostálgica vivência, adaptando-nos ao tempo presente e resguardar todos os bons ensinamentos adquiridos tão carinhosamente a nós repassados... Beijos

Robertson
Enviado por Robertson em 26/05/2019
Reeditado em 06/01/2020
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