Céticos apaixonados

Eu sempre tive impressão que seria uma pessoa extremamente desafortunada no amor. Quando era jovem tive essa sensação que acabaria como Maysa ou Dalva de Oliveira. Não lembro o motivo, não sei o que se passou na minha cabeça.

Mas era uma criança visionária.

Ou talvez tenha amaldiçoado meu destino. Quem descobrir, me avise.

Fato é que, não sou boa escolhendo parceiros, fico apaixonada sem motivos, assisto uma grande paixão terminar em nada, com o orgulho ferido, ponho debaixo do braço qualquer experiência que adquiri e caio novamente nos mesmos erros.

Já estou saturada disso.

É cansativo

É uma repetição sem sentido, Eu entro em relacionamentos visivelmente fracassados, eu permaneço neles até o limite do meu corpo, quando minha alma começa a se partir, aí sim eu me separo emocionalmente do encosto. Toda vez. Sempre.

Depois de mais um novo fracasso, eu me apaixono por alguém do passado, isso de alguma maneira parece que vai funcionar, mas o engraçado é que não funciona, quando inevitavelmente dá errado destrói meu psicológico de uma maneira muito pior que o longo relacionamento tóxico que me afastei. Eu amo a troco de nada e por isso não me amo.

Eu não me basto e me contento com pouco, com nada, com migalhas. Miséria de amor.

Toda vez que fico com o coração partido eu ando em círculos com o mesmo tipo de cara, não funciona, aparece alguém que não é bom, mas já me basta.

Já basta por que estou tão cansada do som da minha própria voz, do meu reflexo, que não me importo com que tipo de pessoa vai me levar para casa.

Eu sou um prêmio de consolação, mas ninguém me consola.

Os dias correm, as horas passam e nesse relacionamento falido eu me vejo apaixonada por outra pessoa.

Ah, aquela pessoa...

Eu quero abandonar tudo por ela, mas não tenho coragem... Uma hora isso vai acabar (como sempre acaba) e quem sabe nas voltas da vida, não nos encontramos?

E nos encontramos...

Mas não dá certo. Eu fico com o coração partido, volto para aquele tipo de cara, e também não dá certo e eu fico com alguém que não me entende, não sabe quem eu sou, alguém que não me merece, mas eu não sei disso na hora. Eu só percebo isso depois. Às vezes bem depois.

Vê o ciclo? Ele nunca se encerra. E já estou muito cansada...

Quero deitar minha cabeça no travesseiro sem sentir lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto frio.

O amor é um anjo cruel tão infeliz quanto os pobres diabos apaixonados, eu sou cética do amor é verdade, mas sou uma cética apaixonada. É isso que vai me matando aos poucos: amar, amar e nada ter. Pensar, pensar e nada ser.

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 20/06/2019
Código do texto: T6677748
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