NAMASTÊ ELITIZADO.

É muito difundido hoje o conceito de NAMASTÊ, onde o princípio básico nos convida a reconhecer que cada ser humano possui em si a mesmo a divindade que habita em cada um de nós, e o reverenciar simplesmente pelo seu existir.

Sem negligenciar a dureza da realidade cotidiana quero compartilhar um fato muito recente:

Durante o intervalo para o almoço duas jovens conversavam em um banco colocado estrategicamente para o descanso na rua sem saída ao lado da empresa em que trabalhavam, quando uma delas notou o homem de aspecto sujo sentado na calçada mais à frente. Pouco tempo depois notou que estava deitado e apresentava movimentos estranhos, estaria alcoolizado? Findo o horário retornaram para suas salas, e no meio da tarde souberam de uma grande movimentação de ambulância e policiais na pacata via. Os socorristas foram chamados para atender a um morador de rua que se sentira mal, porém não chegaram a tempo e o homem faleceu.

A moça ficou consternada, pois não percebera a situação dramática e questionou-se sobre a possibilidade de sucesso acionando o resgate há três horas. Os colegas de trabalho a confortaram afirmando que dificilmente alguém notaria pois “estas pessoas” estão sempre bêbadas ou drogadas.

Sem falso moralismo haveremos de convir com nossa indiferença cotidiana à vida alheia: a chacina na cidade vizinha, a criança torturada, o idoso esquartejado e tantas outras histórias diárias tem o poder de chocar, causar polêmica e tornarem-se assunto saturado em uma semana. A dor que sentimos (ops! que dor?), melhor dizer o julgamos que proferimos para a atitude alheia parece-me um monstro insaciável, sempre em busca do próximo escândalo para dilacerar.

Então me volto para o sânscrito, que de tão falado corre o risco de se tornar banal. Um esforço (às vezes imenso) para nos conscientizarmos do Divino que está presente ao nosso lado, esteja este lado com roupas inadequadas, com mau humor, violento ou até indiferente.

NAMASTÊ!