UM "ET" E EU

Naquele verão rumamos para a cidade de Peruíbe no litoral sul de São Paulo.

Eu e minha esposa Daniela fomos para lá a convite dos amigos de longa data, Farias e Martinha, moradores da praia de Guaraú. Eram muito divertidos e gostavam de nos assustar relatando “causos” de aparições ufológicas muito comuns naquela região. Podia-se ouvir as gargalhadas a quilômetros.

No entanto, como cético de carteirinha, deixei-os na casa e iniciei uma caminhada pelas areias da Guaraú, afinal o céu estava lindo e a temperatura agradável.

Naquela noite, a praia estava deserta e só se podia ouvir o ruído da arrebentação. Lá no final, o morro do Guaraú e no céu uma cortina azul estrelada descia até o horizonte do mar, próximo a ilha da Queimada Grande. Meus pés acariciavam a areia a cada passo, vez ou outra sendo lavados pela água limpa do mar. De repente, parei. Por detrás de um dos morros, surgiu uma luz azulada pulsando forte e gerando um clarão que refletia no mar. Algo piscou em mim. Meu coração disparou. Eu não sabia identificar o que era aquilo.

Para minha surpresa, a luz subiu latejante entre tons borrados de azul e amarelo e rumou lentamente para a minha direção, na praia. Meu coração disparou. Borrado eu ficaria se não fugisse dali. Iniciei então um movimento de fuga e senti que minhas pernas não respondiam. Afundando de medo na areia, vi a luz intensa vindo e fez-se próximo o suficiente para eu ver sua forma. Algo como um peão invertido com janelas e apenas um leve zumbido, como o de uma abelha. Fez um movimento lento e iniciou a descida.

Emudeci. Minha voz sumiu e senti algo líquido descendo pelas minhas pernas.

Meu ceticismo brigava comigo diante do que via. De súbito, saiu da nave uma figura humanoide mediana que se aproximou de mim. Era loira e linda e seus olhos azuis enobreciam a tez clara. Por telepatia, sugeriu que eu me acalmasse. Sem impor resistência, me vi caminhando para dentro da nave.

Num segundo decolamos. A nave partiu deixando para trás a praia. Pela janela da nave pude ver o céu e as estrelas, e mais ao fundo o planeta Terra. Ela disse chamar-se Larian e que vinha de Zeta Reticuli, da constelação Reticulum. De modo indolor, tirou um gota de meu sangue sob a alegação de estudos para nos auxiliar geneticamente.

Perguntou o que eu fazia e por que fazia. Eu disse que era corretor de imóveis e que meu objetivo era ter uma renda para o sustento da família. Num segundo ela plasmou algo e me perguntou se o que eu buscava era aquilo que tinha nas mãos. S-SIM! Respondi eufórico. Ela segurava uma nota de 100 dólares, e me disse que aquilo era algo que em seu planeta há milhões de anos havia sido extinto. Que onde vivia não havia a ganância de nosso mundo.

Me presenteou com o suvenir e disse que meu esforço seria recompensado muito em breve em meus projetos. A imagem do céu era linda e meu ceticismo se dissipou completamente. Retornou com a nave ao mesmo ponto de onde partiu e sumiu como um raio, no céu da noite da praia do Guaraú.

Voltei para casa exultante, portando uma nota de 100 dólares. Ao encontrar Daniela, Farias e Martinha mostrei o que achei no passeio pela praia. UAAAU! Parabéns. Agora, aproveite e vá tomar um banho, você está todo mijado.