REVENDO O PASSADO

Bastou o diretor de redação sair para os colegas Diego e Mourão rasgarem o verbo.

— Pois é, cara, sempre curti redigir crônicas de todos os tipos. Mas todo tema - NO INÍCIO - é um grande desafio. Ao identificá-lo, busco todas as possibilidades criativas e neste exato momento não tenho nadica de nada em mente. E como você bem sabe, esse vazio é implacável. Ele toma conta e... pera lá! JÁ SEI!!! O título dessa será NADICA DE NADA! O que acha, Diego?! Falar de outro tempo, bem antigamente...

— Ótimo, Mourão! Mas não esqueça que o TEMPO das pessoas é muito precioso.

— Concordo. E olhe que ele já passou pra caramba! Décadas atrás, eu ainda era como seu título... um nadica de nada, algo incipiente, como se estivesse sendo filmado sem saber disso. Veja só, naquele fevereiro eu assistia aos “Reis do Riso” na minha “Colorado RQ – Reserva de Qualidade, EH! EH! Lembra, aquele puta caixotão com válvulas!!!

— Quem assistiu ao Reis do Riso não esquece. Era a tal Comedy Capers na TV! Retruca Diego, com o olhar parado, olhando para a janela da sala.

— AH! AH! AH! Era uma trupe de malucos tipo Charles Chaplin; o Carlitos, Laurel & Hardy; o Gordo e o Magro, e outros menos conhecidos como Ben Turpin, Harry Langdon, Billy Beva. Falando deles hoje, ninguém se lembra... à exceção do Chaplin e do Gordo e o Magro. Era legal ver aqueles hominhos em branco e preto andando rapidinho e tagarelando palavras mudas. AH! AH! AH! E uma pá de gente rindo à beça!

— Mas tudo mudou, Mourão! Atualmente tem comediante cujo filme é tããão ruim que deixa todo o cinema... mudo. Bem como muitos stand ups contemporâneos.

— Tsc! Lembranças, Diego! A fase adolescente era pura energia!! Pilhas e pilhas de desafios que tomariam todos os minutos do futuro. Mas lá estava eu, curtindo os mudinhos malucos do cinema dos anos vinte, e rindo muito de coisas que ainda rio hoje: fazer nadica de nada era legal. No passado eu não tinha pressa ZERO!

— Exato, você tinha a “consciência” da juventude, viveria duzentos anos e a certeza de estar montando sua história sem contudo se irritar com os desfechos bons ou ruins.

Certamente queria mais era... viver. E hoje... você tem o diretor de redação cobrando resultado, fungando no cangote. — Eu curti muito isso tudo. Primeiro filme. Primeiro beijo. Primeiro amor. Aliás, eu nem sabia o que era o amor, se era tesão ou se era emoção. Que aquele volume era alguma coisa... E, ERA!!! AH! AH! AH!

Meu violão, minhas músicas. As músicas que eu aprendi, cantei e toquei na festa do colégio tendo ao fundo os aplausos que me inflavam o ego. Era bem gostoso! Quer saber? Eu acho que esse tema vai dar um belo caldo.

— Relembrar é ducacête! Muita gente nos rotula de antiquados, piegas, isso e aquilo. Mas não sabem o quanto desse dito passado perderam. Não sabem que tudo que veem nas páginas de muita revista por aí a gente já viveu ao vivo e em cores.

E a tecnologia, então? O engraçado é que os parcos recursos que havia naquele tempo eram o máximo para todos nós. Imagine se pudéssemos antever as coisas naquele período. Hoje, além da WEB, tem iPad, celular, computador, teclado, mouse. E nas redes sociais; WhatsApp, Instagram, YouTube...

— Diego, já podemos dizer que testamos toda essa tranqueira. E isso não é pouca coisa! Êita recordação boa. Êita nadica de nada boa! Deixe-me aproveitar a energia deste momento pra redigir essa crônica, uma celebração ao tempo do nadica de nada pra se preocupar. Doravante, beeem mais adiante, alguém dirá que é coisa antiga de um velho cronista babão. Bem, mas isso está lá no futuro, não é? Agora, vamos viver o presente... vamos nos dar este presente!!! EH! EH! EH! Ops! O chefe está voltando.