O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman (famoso por escrever sobre os amores líquidos), afirmou numa entrevista que o Brasil "é um milagre inacabado" em relação às desigualdades: "só o Brasil tirou 22 milhões da pobreza (dados da ONU que tiraram o Brasil do mapa da fome)". Este discurso que se tornou base de visões ideológicas que suscitam a possibilidade de diminuição das disparidades sociais (visão marxista) é o argumento que tem dado "corda" para os "radicais" que, de algum modo, creem que só esta ação seria suficiente para embaçar as questões que despontam com uma magnitude assustadora nos últimos anos no país em toda a sua estrutura, desde a econômica até a social. A crise no Brasil não é uma invenção é uma constatação.
Que o Brasil não trabalhou para fortalecer a economia, é fato. Alguém tem que pagar a conta da desigualdade, mas como, quem? Os programas sociais são sim uma forma de iniciação de fortalecimento da economia a médio prazo, mas não podem virar a "fortuna" do assistencialismo.
Que as leis são desenhadas para privilegiar (os já privilegiados) já sabemos, "imunidade parlamentar", foro privilegiado, reeleição após cumprimento de pena...
Que os órgãos maiores da justiça estão vinculados (nomeação) às questões políticas (embora procurem manter, raras exceções, a aplicação da lei que está, na maioria das vezes, condicionada).
Que a corrupção que está nos partidos e nas pessoas e mata de fome, de sede, de dor, de ausência.
O Brasil saiu do mapa da fome, mas caiu no mapa da corrupção deslavada, da violência exacerbada, do capitalismo selvagem, dos conluios, das licitações fraudulentas, da politicagem, que financiam o poder pelo poder.
São 69 bilhões de reais por ano que pagamos com a corrupção. Sabe o que daria pra fazer com este dinheiro?
Aproximadamente 327 mil leitos para o SUS;
70% de aumento em habitações do PAC;
Construção de 277 novos aeroportos.
Esta conta fica defasada não é? E o equilíbrio econômico onde se vê?
Enfim, não se pode negar o avanço social quanto à fome, mas ele não pode virar "bandeira única". Já viu autor de uma obra só? Na era da pluridisciplinaridade, da multiplicidade, da diversidade... Vai morrer na praia. Fato!
Ah e sobre a educação? Todo corte será castigado, digo, a sociedade sofrerá ainda mais num futuro próximo, mas algum político vai se valer de sua titularidade para cortar a cabeça da verdadeira serpente? Não creio.

PS. E antes que alguém diga que o Mar de Lamas que carregou vidas inteiras caiu no esquecimento, já vou logo afirmando morrer é efêmero demais pra caber num produto, quer dizer, nós somos rótulos colados e descolados sem nenhuma preocupação com a nossa identidade, o Rio era Doce, a Vale era do Rio Doce, o povo é de vida amarga. Em que posição você está no tabuleiro? E o assunto é sobre o Pão Nosso de Cada Dia...
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 17/07/2019
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