O que há pior que o ronco?

Alguém falou-me sobre ronco. Sobre o que isso implicava, no momento, em sua vida de casado.

Depois, li um amigo que escreveu sobre o amor e, ao que se tem de aprender a gostar para que este se eternize e não vire mero acaso em uma relação marital.

E, esse foi o ponto inicial para que eu levasse isso adiante e analisasse certos fundamentos e teorias e descobrisse ali, uma brecha para entender o que pensam as pessoas acerca da convivência.

O que passa pela cabeça de um jovem ao casar-se aos 18 anos.. Ou aos 20. Ou mesmo aos 30.

Porque, obviamente, todos eles, cairão em um mesmo ponto. Uns poderão deparar-se com outro padrão de situações, mas, é evidente que a vida a dois, implica em mudanças pessoais e acolhimento ao modo de ser de cada um. Este é o primeiro fundamento para que uma relação vingue. Ou não.

Certo seria, se os casamentos religiosos, como praxe, ao invés de discursos longos do padre, sobre seus dogmas, discutisse a prática do entendimento e da aceitação.

Muitos não pensam em como seria o dia seguinte. Acordar e deparar-se com um homem ou uma mulher ao seu lado, sem retoques de maquiagem, descabelados, ao natural realmente, onde nem abrir a boca seria o ideal.

Mas não proibido.

Que mal haveria em beijar seu amor antes que escovasse os dentes?

Anti higiênico talvez, mas, o amor tem regras?

E, por que não falarmos do ronco.

Na Certidão de Casamento, existe uma cláusula que impeça o ronco no leito nupcial?

Pois esta é uma realidade que vi adentrar ao meu consultório por várias vezes.

A esposa não consegue conviver com aquele barulho e alega interferir em seu descanso.

Ou mesmo ele, que tem ojeriza da esposa porque, repentinamente, deu de roncar.

Santo Deus, onde estamos que um ronco possa colocar em questionamento um sentimento como o amor?

Não seria muito melhor, abraçar seu ente amado, na hora de seu sono profundo e dizer-lhe em seu ouvido o quanto o ama?

E, na verdade, o que acontece são imprecações, lamúrias, destrato e, finalmente, cada um em um quarto.

Na maioria das vezes no sofá da sala.

Isto o padre não disse.

E não sabiam os jovens de que o ronco poderia acontecer?

E é um ato irreflexo que o indivíduo não domina.

Pode ser controlado, existe operação que o possa diminuir, mas, assim como o ronco, muitas outras alterações teriam que ser mediadas ou remediadas. Em suma, a escolha feita a principio, só valia para um primeiro momento.

Talvez esteja na hora de acordarmos. Mas não do sono tranquilo e reparador, que sacudido ao enfrentar uma cara feia da falta de amor, aniquila-se na solidão de um ato impensado.

Mas sim para a realidade de que há mais coisas para amar em uma pessoa do que para odiá-la.

Talvez, se pensarmos que um dia a vida levará nosso par e, que a privação de sua companhia e de seu ronco, seja muito mais estridente que propriamente o ronco, passemos a amar o defeito que, ora, parece a pior das desgraças

Boa noite para você, que dorme ao lado de quem ama.

Lara
Enviado por Lara em 15/03/2005
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