PROCUSTO

"PROCUSTO"

Sabe o que é isso, ou o que por analogia pode significar?

Opa... boa tentativa análoga o que você pensou, mas, não se trata de "ser suficiente para o custo", "dar para o custo" ou ainda "dar para o gasto", expressões estas muito comuns no nosso cotidiano popular atual.

Muito bem, vamos lá na Grécia Antiga, ou na Mitologia Grega para nos amparar nesse entendimento interessante.

"PROCUSTO" significa "Aquele que estende"

(Hoje em dia, como instrumento, até mesmo usado na funilaria de automóveis, poderia ser um "esticador").

"Procusto", também conhecido como "Procrustes", "Procrusto", "Damastes" ou "Polipémon", é um personagem da mitologia grega que faz parte da história de Teseu (sobre o qual sugiro uma pesquisa e leitura, que também é muito interessante).

História

"Procusto" era um bandido que vivia na serra de Eleusis, um salteador que agia entre Megara e Atenas. Atacava os viajantes, despojava-os de seus bens e submetia-os a cruel suplício. Forçava-os a se deitarem num leito que nunca ajustava ao seu tamanho. Cortava as pernas dos que excediam a medida e, por meio de cordas, esticava os que não atingiam. Teseu matou-o, infligindo-lhe igual martírio.

Assim, em sua casa, ele mantinha essa cama de ferro, que tinha seu exato tamanho, para a qual convidava todos os viajantes a se deitarem. Se os hóspedes fossem demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento suficiente. Uma vítima nunca se ajustava exatamente ao tamanho da cama porque "Procusto", secretamente, tinha duas camas de tamanhos diferentes.

Continuou seu reinado de terror até que foi capturado pelo herói ateniense Teseu que, em sua última aventura, prendeu "Procusto" lateralmente em sua própria cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe o mesmo suplício que infligia aos seus hóspedes.

Etimologia

"Procusto" significa "o esticador", em referência ao castigo que o referido bandido aplicava à suas vítimas.

Simbologia

"Procusto" representa, em regra, a intolerância do ser humano em relação ao seu semelhante.

Nesse e em outros sentidos dicotômicos, o mito já foi usado como metáfora para criticar tentativas de imposição de um padrão em várias áreas do conhecimento, como na economia, na política, na educação, na história, na metodologia científica, na medicina, na administração, nas ciências sociais e na sociologia eleitoral.

Trazendo isso para os momentos dessa fase da República do Brasil do 8 ou 80, onde o que mais se constata na mídia social, é a busca incessante de enquadrar as pessoas nos pensamentos do dualismo maniqueísta.

As pessoas desaprenderam a discutir, a convencer com argumentos plausíveis, e, a depender o grau de conhecimento daquele com que você "tenta dialogar", você será imediatamente "carimbado" por ele, e tido de como sendo "isto" ou "aquilo", do contra ou à favor, da direita ou da esquerda, e assim por diante, e por conseguinte, deixará de ouvi-lo, não tem mais interesse nos seus argumentos, criando uma barreira invisível e intransponível. Dependendo do lado que o seu oponente no debate está, a "conversa" toma rumos exacerbados.

Debate é uma discussão amigável entre duas ou mais pessoas que queiram apenas colocar suas ideias em questão ou discordar das demais, sempre tentando prevalecer a sua própria opinião ou sendo convencido pelas opiniões opostas.

Geralmente debates são longos, e raramente se chega a alguma conclusão, porém, é uma prática considerada saudável onde uma pessoa pode ver vários lados de uma mesma questão.

Debates ou discussões amigáveis podem ser a respeito de temas diversos, como futebol, política, etc. Eles não devem ser confundidos por brigas ou amontoações. Geralmente debatedores são concisos e tem em mente a troca de ideias sem que haja ofensas para ambos os lados.

Mas nem sempre é assim. A acirrada disputa eleitoral e por vários anos seguidos, difundiu-se no Brasil a ideia do "Eu" contra "Eles", numa forma extremamente rudimentar de taxar as pessoas, a depender do entendimento ou do lado que a pessoa optou e decidiu como sendo a melhor para a obtenção de determinado resultado, segundo seus conceitos.

Todos passaram a "medir" seus contendores nas discussões, de acordo com suas "réguas", sem dar chance de que o outro possa talvez demonstrar-lhe que sua "régua" não está medindo direito.

Isso é terrível, pois, a maioria que tem domínio de determinado assunto, tem se mostrado inibido, ou não quer mais perder tempo discutindo com quem não está disposto a ouvir e, eventualmente, enter e aceitar ou não, manifestando também se "ponto de vista" (que nada mais é que a visão do ponto em outra posição).

O grau da falta de educação também é outro fator terrível, pois, passam simplesmente a ofender, com xingamentos estapafúrdios, disseminam os chamados "fakes", tentam, na verdade, destruir os seus oponentes.

O que dizer à essas pessoas, senão, dessa forma, com analogias, para que tentem "abrir suas mentes" para o progresso e o debate saudável, através do qual todos poderão ganhar.

Certamente que não precisamos ser como o guerreiro grego Teseu, que matou seu injusto oponente, pois, causava suplícios e era um malfeitor, pois, a maioria das pessoas nesse país são de boa índole e não podemos perder essa qualidade com que somos vistos, pois, perderíamos também a paz, e, pior, sem saber onde "desaguariam" tantas emoções infundadas.

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Nas imagens anexadas, temos:

1) Charge da revista Punch (1891) comparando a nova lei britânica das oito horas de trabalho com a cama de Procusto.

2) Vaso Grego mostrando alegoria da luta entre Teseu e Procusto

Paralelo

Curiosamente, a tradição rabínica menciona que um dos crimes cometidos contra os forasteiros pelos habitantes de Sodoma era quase idêntico ao de Procusto, dizendo respeito à cama de Sodoma (mitat s'dom) na qual os visitantes da cidade eram obrigados a dormir.

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 21/08/2019
Código do texto: T6725556
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