SINFONIA

Na margem dessa estrada posso ver pegadas do irmão que há pouco passou, sorriso de criança que cheia de esperança vagava pela restinga que há pouco secou, ouvir o canto do bem-te-vi carente de amor, sinfonia de pardais, passos de animais em minha estrada que o tempo apagou.

Abro a janela a palavra me foge na paisagem que se perde no infinito, viajo nesse amor tão bonito em sol de resplendor. Ouço a voz do vento distante nas folhas que balançam no horizonte na minha pobre mente vazia que um dia me fez sonhar enlouquecendo-me de amor.

Enquanto lá fora os bandidos brigam entre si nos causando horrores finjo estar em paz, mas meu pobre coração parece do peito querer saltar , não tem jeito, juntos morremos mais um pouco antes do tempo marcado por Deus, antes que o mundo venha se transformar na paz tão sonhada, antes que o Lúcifer seja odiado, antes que a noite se torne enluarada e o homem livre das balas em saraivadas.

Mas continua em mim a paixão pela vida que mesmo esquecida, desvalorizada e banalizada na sua auto-estima o tempo preservou. Um menino não conta uma história, contar o quê se nada ainda aprendeu? É o infinito sem fim rondando a calma madrugada e eu aqui nessa paixão desesperada.

Precisamos, pois, educar para vida, não para o trabalho, educar o cidadão para o mundo e não para um jogo de baralho onde as cartas são ciladas para aventureiros, onde só quem ganha é o primeiro. Ah, como eu queria sair pela rua e ver todos de mãos dadas, seguindo juntos a mesma estrada unidos como o rebanho na invernada.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 05/11/2005
Reeditado em 06/01/2006
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