Olhares e Janelas

Ao olhar a foto do botão de dália e da gota d'água, lembrei-me de um livro que estou lendo do Escritor e Jornalista Alberto Manguel, nascido em Buenos Aires: “Lendo imagens - Uma história de amor e ódio”. Numa das páginas, no início do livro, o autor refere-se às lembranças de quando estava com nove anos de idade e descreve com riqueza de detalhes, uma visita que fez ao pequeno ateliê de pintura de sua tia. Manguel fez com que eu imaginasse a cena e senti-se o aroma da tinta óleo, da terebintina e visualiza-se as telas que estavam guardadas, apoiadas umas nas outras...

E a narrativa prossegue contando em seguida, sobre a curiosidade e encanto do menino ao ver um livro com as fotos das telas de Van Gogh, entre elas, “Barcos de pesca na praia em Les Saintes-Maries-de-la-Mer”. Segundo Manguel, “A praia multicolorida de Van Gogh vinha à tona com frequência na imaginação da minha infância”.

Quanto à foto, ao observar com mais atenção o botão de dália e gota d’água, percebi o reflexo das janelas da casa, contido na gotinha, a curiosa imagem sugere uma breve pausa no tempo, como se as janelas fossem retratadas por segundo e depois desapareceriam junto com o pequeno espelho

d'água.

Às Leituras de imagens ou Narrativas de imagens são únicas no que se referem ao olhar de cada observador, dependendo da sua Leitura de mundo, de suas experiências e lembranças; seja esse olhar direcionado a uma tela de um pintor famoso, ou as imagens contidas na rua, ou em fotografias em revistas ou jornais, entre outros.

***

Foto que inspirou a crônica:

http://revistacazemek.blogspot.com/2016/10/van-zimerman-olhares-e-janelas-