CORINGA TALK SHOW

Friso e tenho empatia por todos que não gostaram do filme, disseram que não gostaram porque não entenderam; e isso basta para denigrir algo (eu não gosto ou não assisti e condeno). Embora à estreia foi no último dia 3 de outubro, eu fui assisti-lo dia 15; demorei muito. Fiquei lendo sobre, vendo análises, reações de movimentos como os mimimi e também os apreciados psicólogos e criminalistas, ambos elogiaram o filme e ainda mais a atuação enigmática e brilhante da dança, do delírio, da estética, da dedicação de Joaquin Rafael Bottom, que mau tem Fênix ou Phoenix no nome, sendo adotado em homenagem ao artístico, da ave fabulosa, única que após viver em média 300 anos supostamente se deixa arder em um braseiro, para em seguida renascer das próprias cinzas; no sentido figurado: uma pessoa especial, raro aos outros como é Joaquin Phoenix e seu Coringa Arthur Fleck.

Premiado recentemente com o Leão de Ouro (Galardão máximo dado pelo júri do Festival Internacional de Cinema de Veneza - Itália), o diretor Todd Phillips foi muito feliz em seu enredo, não estamos preparados para nada, para não pisar em pessoas com problemas, somos mal educados, visamos aparências, e passamos de um lado ao outro sem nem olhar nos olhos de alguém. "O mundo é péssimo hoje em dia, é o que basta para a gente enlouquecer" no talk show é comentado a cena para o apresentador Murray Franklin (Robert De Niro). Não faço aqui um elogio à "loucura" que muitos acham ter Arthur/Coringa, sobretudo existe uma síndrome: Pseudobulbar. Quem é mais doente; uma sociedade que não sabe lidar com quem tenta forçar seu sorriso quando a lágrima cai em seu rosto, o pisoteado, o neurótico que constrói uma relação com sua vizinha. Todos sentados na sala onde eu estava, sala 5 do cinema acreditaram no romance com Sophie Dumond (Zazie Beetz), e pensamos com nós mesmo; ali ele foi feliz, houve felicidade.

Fica nítido e falado, ele só tem pensamentos negativos! Ninguém o ouve, só os remédios. Pisão em seus sonhos, mas damos sorte porque o mundo continua girando, e isso da uma esperança espetacular à todos que gostam da dança do infinito de nos entristecer, o maior poder desse mundo. Fomos um peão e um rei (Frank Sinatra - That´s life). A tudo essas merdas de pessoas se vende, a infindável luta de classes, uma bosta de sociedade que acha que você é obrigado a tudo e subalternos a todos. alguns momentos dizem que é a vida, da alteza à ralé, é a vida. Você já ouviu falar sobre a vida?

Senhoras e senhoras, digno de Oscar, aplausos de pé por mais 8 minutos em Veneza, caiam as vaidades, dancem, dancem bastante. Movimentos espontâneos, atitudes que não era para se ter, sempre haverá escritos como estes e outros que encontrarão diminuindo o filme e seu elenco, porque você sofre algo e pedem para não demonstrar, dizem que você pode segurar e te julgam fraco, até seu sorriso é forçado ultimamente. Sim, a versão é pesada do filme, mas não tira dos ombros cruéis de outros monstros que se constroem e; que todos alimentam sem se perguntar quem é seu dono. Encerrando, a parte que mais gosto do Coringa?! As danças, a leveza, a tentativa de se enquadrar, de ser comediante e suportar esse fardo pesado de rir quando não se é para rir, porque temos regras e é preciso dar atenção a todas elas, se não vão te machucar e no final vem sempre a máxima dolorosa. A vida é isso aí.