A ESCRAVIDÃO MULTICOLOR

Os brasileiros têm muito a agradecer ao grande acontecimento ocorridos no memorável dia 13 de maio de 1888. Nesse dia a majestosa princesa Isabel, que na época ocupava o supremo cargo do seu pai, o Imperador Don Pedro II, que no momento estava na Europa tratando de sua saúde debilitada, fez valer a vontade dele e aboliu a escravidão no Brasil com a promulgação da Lei Áurea, oficialmente Lei Imperial de nº 3.353. A partir dali estava extinta a escravidão em solo brasileiro.

Tão logo a notícia se espalhou através do boca-boca, fez explodir o maior movimento de regozijo nunca visto pelos brasileiros. Os libertos abandonaram suas senzalas para, jubilosamente, invadirem ruas, praças e estradas cantando, dançando e gritando liberdade, liberdade. Lágrimas umedeceram olhos dantes sôfregos.

No ano 1872, por ordem do imperador, se deu o recenseamento nacional onde se acusou que a população brasileira constava de 9.930.478 habitantes constituída majoritariamente de negros, pardos e mestiços, dentre os quais se destacava cerca de 1.510.806 escravos.

Mas foi em razão do merecido feito, somado a outas tantas insatisfações de políticos opositores, que se criou uma insatisfação entre grupos poderosos, ao ponto do Brasil perder seu Império respeitado e prestigiado internacionalmente, para cair nas garras de republicanos, e ser o que é.

Os tempos mudaram, mas a escravidão não.

Somos uma Nação multicolorida que ainda sofre os rigores de uma escravidão disfarçada, injusta e desleal. Vemos isso acontecer nas moradias de negros, pardos e mulatos que, na maioria, dormem em barracos de favelas feitos com tábuas velhas, na mais indigna condição humana.

Os tais senhores de escravos, os dito “amos”, ainda existem camuflados e conhecidos como “patrão”, que na verdade nada têm a dar a seus empregados senão aquele mísero salário que não dura além de cinco dias, para com ele manter o sustento familiar.

O “amo” de outrora é o mesmo de hoje com toda sua característica, pois ele só pensa em lucrar mesmo que para isto custo o sacrifício de seu subordinado. Antes o escravo se alimentava com os sobejos de seus “amos”, mas hoje ele compra o que lhe cabe com o mínimo que ganha. A miséria é parte fundamental de sua existência e com ela os “amos” de hoje se contentam.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 13/03/2020
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