Na via contrária
A contramão foi o meu lado certo vida afora, jamais consegui andar do lado indicado pelas pessoas ditas normais. Mesmo obedecendo às normas na vida profissional, sendo coerente, justa ( não trouxa)e ética na sociedade, havia os respingos e os barulhos de ordens sendo quebradas dentro de mim. Se do lado de fora, pareço andar pelo lado apropriado, dentro de mim existe uma cratera cheia de ambiguidades e sensações que negam o mundo no tal do lado certo e que me cobram as oposições e os questionamentos. O meu viver sempre justificou-se pelo Poema Cântico Negro, de José Régio desde que o ouvi pela primeira vez, lá no inicio do meu Curso Normal (para mim, foi extremamente anormal). Entendi, o poema e sua relação com a minha maneira de ver a vida, com os olhos brilhando, em meio ao meu eterno tédio na sala de aula mais que normal e regrada para o meu gosto. Quando a freira que o recitava, na sua inocência, achou que tinha, finalmente, prendido a atenção da aluna desatenta e distraída que eu era. Dali para frente, enfiei-me mais na literatura e na escrita, foram nelas que o meu lado torto e perdido na contramão das vias normais se encontrou, não mais se perdeu lá pelo mundo das drogas. Mesmo adulta, já beirando a tal melhor idade, faltam oito anos( aff), ainda não sei os caminhos certos, só sei que não vou por ali.
”Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,