Esta é uma rua no Centro Econômico da capital de São Paulo.
Em dias normais disputa-se um lugar nas calçadas.
Durante o dia, o vai e vem de pessoas obriga os pedrestres se desviarem com movimentos lembrando habilidades de tai chi chuan.
Noites regadas a cerveja, acepipes e muita algazarra.
O burburinho noturno invade as janelas. Impossível estar só. Apenas cerrar as fenestras à prova de som.
Gosto de estar dentro de casa, gosto do silêncio, mas também gosto do som em decibéis suportáveis, que invade vida a dentro.
Nesses dias atuais, reina silêncio absoluto. Um ou outro carro quebra quietude.
Mas aqui dentro os ruídos sobre a pandemia não cessam. Cada dia com sua estatística. Notícias vindas do estrangeiro nos enchem de tristeza. Ou de preocupação. Ou de esperança.
Um prefeito arrependido (Milão - Itália)  pede perdão pela falta de seriedade com que tratou o inimigo invisível, ainda no começo.
Um mea culpa tardio, mas antes tarde do que nunca. Lamentável pelas mortes que até agora não cessam.
Aqui no Brasil vivemos uma pandemia atípica. O vírus e o governo central travam uma queda de braço. As duas caras do governo central contrastam e confrontam governadores. Jogada política dizem os analistas. Se correr ou se pegar, o vírus será politizado. Talvez ganhe até um partido, uma sigla, um slogan de campanha.
Quem tem medo do isolamento? Quarentena? Quem preza o deus mercado mais que as vidas?
Miremos na gripe espanhola. Chegou ao Brasil em 1918, por um navio estrangeiro. Autoridades não levaram a sério. O Rio virou um inferno, relatam os jornais da época. Pensem na região da Itália, hoje afetada. Era o Rio na época.
Morreu o ex e futuro presidente do Brasil, Rodrigues Alves, acometido pela gripe espanhola, em 1919.
Bem...termino aqui dizendo que daquele surto no Rio no século XIX temos um legado: a caipirinha, inventada como remédio para combater o terrível mal que dizimou milhões de pessoas no mundo todo inclusive no Brasil.
E fiquemos com a bênção do Papa, dada hoje numa Praça São Pedro absolutamente vazia.
Essa bênção tem o poder de perdoar os pecados. Tornar leve a alma. Bendito Francisco.
Brincamos na rede dizendo "Só Deus na causa".
Mais que nunca se aplica ao Brasil e ao mundo, com ou sem pandemia.
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 28/03/2020
Reeditado em 29/03/2020
Código do texto: T6899560
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