Chuva crítica, hipocondria generalizada e...

A falta de responsabilidade social de sucessivos governos é uma característica histórica. O implemento de um sistema econômico que não visa implantar o desenvolvimento igualitário na nação, nem o bem estar coletivo, criou um grande abismo entre as elites e o povo propriamente dito. O Brasil é uma nação de explorados que adoecem sem recursos desde o início da sua formação. Negar isto é recusar a história com seus elementos reais. Temos então o proletariado ofendido pela ganância de lucro dos seus senhores e um subproletariado desvalido completamente em grande indigência. O subproletariado nacional aguarda cada vez mais a queda do proletariado para o seu grupo de abandono sistêmico.

É fácil compreender que uma nação de doentes avista na hipocondria a pequena salvação de sua espécie ameaçada. A espécie brasileira malograda pelo sistema ávido de lucro sobre sua força barata de trabalho, cada vez mais se debilita. Na esfera de poder a representatividade busca o poder, porque o poder irradia a salvação. Hoje temos Um “lumpenproletariat” espiritual. A grande perda de espaço de outras religiões outrora dominantes cedeu lugar ao lumpemproletariado espiritual do momento. Junto com tais crenças o país desenvolveu uma hipocondria severa e o grande dinamismo das drogarias de salvação. Aos poucos se viu premida a doação de medicamentos diante da grande exploração da medicina no corpo e alma de nosso povo. Foi num estado de guerra social em que os feridos do cotidiano, esfarrapados pelo trabalho, destruídos muitas vezes pela insalubridade reinante, decaem nos hospitais abarrotados de irmãos, amigos e parentes. Sabemos que diante de grande gravidade de qualquer enfermidade sucumbimos sem dinheiro. Há hospitais para ricos e hospitais para pobres.

Esta razão de ser deste Estado há mais uma fonte de infortúnio para as mesmas desgraças. As medidas tomadas pela rica ciência desprotegem ainda mais as possibilidades vagas do lumpesinato que crescerá ferido moralmente ainda mais. Mistura-se a política e a petulância em muitos argumentos. A estagnação total arbitrada pelas forças externas gerou uma aliança com os mais poderosos do grande reino informativo. A disseminação do mal total e completo unido ao catastrofismo formaram-se para debelar a queda do chefe da nação. O modo rumoroso de argumentar de Sua Excelência se alastra como fogo num paiol. A chuva crítica facilmente apaga a coerência desejada. Quer competir com a mídia televisiva partindo de sua oratória fraca e populista. No ponto em que possui razão encontra um grande enfraquecimento. O lumpesinato espiritual lhe dá pouca luz para a tranquilidade desejada. Ofendida a ciência no começo de seu mandato.

Essa união de fatores desastrosos da transmissão informativa globalizada de rede nacional provou o seu poder de amedrontar e incapacitar ainda mais os que nada receberão em apoio a singularidade de alguns lanches coletivos. A esmola de sempre. Refiro-me as nossas imensas frações miseráveis. Nem sempre a mesma doença exigirá o mesmo remédio, dependendo das condições do paciente. O que se torna útil para a França, Rússia, Espanha, Itália pode não ser a mesma coisa num país sem muito interesse real pelo povo em suas políticas demagógicas. Essa universalidade dispensa comentários.

Há dia marcado para mudança lenta de pauta sobre a doença debelada. Preestabelecida e amenizada para final de abril. Nisto fica evidente que a patologia reinante terá cedo ou tarde aspecto mais flexível. Para quem lida com história é impossível negar o quanto certos argumentos servem apenas para tentar derrubar o poder estabelecido. A doença fica ainda mais severa numa corrente de golpes históricos. Ocorre que a “grande nova patologia” sempre esteve presente em suas múltiplas formas. E se não soubéssemos que a doença ataca idosos eles morreriam sem atendimento, como ainda morrem, milhares de irmãos neste país cruel e cheio de fantasias. Determinado a sugar o sangue da maioria em detrimento da minoria regalada. Nunca o poder informativo foi tão influente na vida pública nacional. Nunca o poder informativo disseminou tanto a palavra de ordem, medo e receio. Isto não modifica a existência da patologia, só reitera insuportavelmente o mal, reduzindo os infelizes ao indiferentismo e ao fraco cinismo. Detida as igrejas o charlatanismo pouco se disseminou reinando apenas a ciência. Vimos então que somos incapazes de produzir soluções para todos os brasileiros. Isto acentua a agressividade dos bem sucedidos que chamam de criminosos os que se arrastam sem medidas profiláticas em meio a fome e o desespero. Mais uma dor, mais uma culpa. Alguma vez na vida alguém se preocupou com o balconista que atende milhares de doentes assintomáticos (ou sintomáticos) com o sorriso nos lábios agradecendo com muito obrigado a compra? Não.

Os partidos políticos, após a ascensão da Rede Mundial de Computadores perderam o palanque, perderam a quase utilidade. Hoje todo indivíduo discursa na rede, por trás existe a liderança mecânica, silenciosa, pronta para arrebatar e tomar conta de todas as consciências. De modo inescapável a morte poderá vir com o vento e restará apenas uma realidade: nunca possuímos uma saúde pública decente neste país. Diferente das ordens do primeiro mundo.

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