É PÁSCOA NOVAMENTE EM TEMPOS DE CONFINAMENTO

Sexta-feira 10.04.2020, uma data para não esquecer.

Estamos de quarentena por conta do COVID 19, que está deixando o mundo inteiro em polvorosa. Realmente, é uma pandemia causando milhares de mortos pelo mundo afora. Vamos dispensar de onde veio porque nossa proposta aqui é relembrar bons tempos, e eu já escrevi tudo o que penso nas redes sociais, a quem condeno por fomentá-lo, e a atitude dos políticos brasileiro.

Em tempos de confinamento, perdemos nossos direitos civis de ir e vir, de passear por onde quisermos, de comprarmos, de nos confraternizarmos. É algo gravíssimo, e o povo está refém do vírus e dos políticos interessados apenas em se promover, criar pânico, e no final, em tempos de eleição usar a pandemia para serem reeleitos.

Isto faz-me lembrar um momento na história de Israel, quando o povo saiu do Egito, e no deserto, comendo apenas o maná que Deus mandava todas as manhãs, começaram a reclamar com saudade das “panelas de carne do Egito”; então, Deus mandou aves que eles puderam matar a fome. Vivemos um tempo em que ainda não fomos impedidos de comprar comida, mas será que não chegara o tempo em que teremos o dinheiro, mas não teremos onde comprar? Espero que não cheguemos a este ponto.

Nesta época de sexta-feira da paixão era um dia de comemoração, sempre na casa da Tia Lilita. Momentos em que, como família, estávamos juntos e as mulheres (mães, tias, avó) estavam na cozinha preparando feijão, quibebe (jerimum de coco), maxixe, bredo, peixe, tudo preparado com leite de coco. Sem falar no bacalhau a portuguesa da Vovó Ziza, e depois anos mais tarde, mamãe e Sonia preparavam, (bacalhau dessalgado com batatas cozidas, cebolas e azeitonas pretas, regadas ao azeite e colocados no forno para dourar); sem falar numa linda e rica salada, arroz, purê de batatas, e às vezes, farofa de jerimum. Sucos, e vinho tinto, e sangria qu papai preparava para que tomássemos, pois não tínhamos idade para tomar o vinho. Este era sagrado.

Depois do almoço as mulheres lavavam os pratos, arrumavam a mesa, pois vinha a segunda parte. Era o momento dos doces (jaca, abacaxi, goiaba,) feitos em casa, bolo de chocolate, bolo de rolo, e é claro café. Bolo com cafe após um farto almoço era indispensável. Na minha adolescência, tínhamos picolé, pois sorvete só na sorveteria. Sempre passava o menino do picolé, e os pais (meu pai, Tio Sebastião) compravam os picolés de vários sabores. Nós chamávamos “picolé de meningite”.

Enquanto as mulheres cozinhavam, nossos pais e nós saímos para fazer caminhada pelas terras da usina. Puxa, como andávamos e ninguém reclamava. Nós amávamos. E passávamos por trilhas, córregos, descíamos morros. Uma diversão e tanto.

O tempo passou. posteriormente, mudamos de cidade, e foi a vez da minha mãe ser a anfitriã. Papai comprava os peixes, e tudo o que era necessário. Dessa vez, as mulheres éramos nós, agora adultas, com filhos, íamos para a cozinha, e fazíamos todo aquele ritual. Mas, o que mais me dá saudade era a hora da mesa, quando todos sentávamos, comíamos, conversávamos e era um barulho, todo mundo falando ao mesmo tempo.

Ainda adolescentes começamos a frequentar a igreja batista em Jaboatão. Aí o domingo da ressurreição tomou nova forma. Como é significativo irmos à igreja, participar do culto, da ceia do Senhor, cujo memorial é lindo, e de grande comunhão.

Nos tempos atuais somos membros de outra igreja batista no bairro onde moramos. Em anos anteriores o culto do domingo começava às 7 da manhã, onde ouvíamos a mensagem do pastor, cantávamos os hinos mais significativos para o momento, como “Rude Cruz”, e no momento da celebração da Ceia do Senhor, (pão e vinho), cantávamos hino como o nº 99 do Cantor Cristão, “Ressurreição”, cujo o coro abaixo é uma mensagem belíssima;

“Da sepultura saiu,

Com triunfo e gloria ressurgiu,

Ressurgiu vencendo a morte e seu poder.

Pode agora todos vida conceder!

Ressurgiu! Ressurgiu!

Aleluia! Ressurgiu! ”

Ou ao findar o culto, cantávamos o hino 112 “Vencendo vem Jesus.

“Já refulge a gloria eterna,

De Jesus, o rei dos reis,

Breve os reinos deste mundo seguiram as suas leis!

Os sinais da sua vinda mais se mostram cada vez

Vencendo vem Jesus! ”

Ao término do culto, íamos para o refeitório e tomávamos café da manhã juntos.

Em outros anos, tínhamos a cantata de páscoa, cujos ensaios levavam em média 2 meses. Que expectativa, que ansiedade. Era um prazer participar todos os anos como corista. O coro tinha em média 80 a 100 pessoas, orquestra, pois aglutinava os dois coros mistos, o coro de homens e das mulheres, além da equipe de teatro. E, no culto da noite, cantávamos outros hinos, tínhamos a Ceia do Senhor. Quantos momentos de louvor e adoração que estão vivos na nossa lembrança em tempos de quarentena!

Hoje não tivemos peixe, ou comida de coco, não podemos nos reunir além dos da nossa casa. Apenas mais dia, que se não fosse a esperança, seria triste e vazio. Teremos cultos on-line, pelos menos ainda podemos tê-lo. Espero que esta ferramenta não nos seja privada por um governo ditatorial que se avizinha.

Hoje, só saudades! Mas, em nós reside a esperança de dias melhores porque o Eterno, nosso Deus está no controle, e já está providenciado a cura, e vitória a todos nós que cremos no seu poder e na sua misericórdia. A Ele seja honra, a gloria para sempre. Deus é Deus!