ABOBADOS DA PANDEMIA?

“No Rio Grande das polêmicas, se as águas do Guaíba baterem no muro da Mauá, as cheias nos outros pontos de Porto Alegre seriam de tal monta que a contenção do muro no Centro se mostraria irrelevante. Em 1941, praticamente 100% do comércio da Capital estava concentrado no Centro. Hoje, não é mais assim.

Sem o muro, os engenheiros sustentam que o sistema de proteção do Centro fica falho, caso se repita uma cheia como a de 1941, que entrou para a memória coletiva da cidade. Quem era rico ficou pobre. A expressão "abobado da enchente" surgiu daí. Mesmo quem não era vivo lembra dessa enchente.” Quando eu era ainda piá, em Encantado, a expressão “abobado da enchente” tinha um leque bem mais amplo, pois assim denominávamos idiotas e trapalhões. Fui de muda para aquele município em 1951. A grande enchente era coisa do passado, mas abobados sempre havia e aumentam a cada ano. Sem qualquer intuito de crítica quanto a tais ou quais reações, especialmente em respeito aos mortos e gravemente infectados, pergunto-me se, no futuro, assim também não serão qualificados os idiotas que, mal ou bem, sobreviveram à pandemia do Corona Vírus. É uma observação que mostra apenas como é possível repetir-se a história, com certas mudanças de roupagem. Vale, pelo menos, como lembrança. A força da natureza produz, de tempos em tempos, grandes impactos no caminhar da humanidade, pelo que requer atenção triplicada.