Ilha

Um dia eu andei, como se andasse numa ilha, onde eu fosse o único que amasse, o único que sofresse, o único ser que sentisse carinho e compaixão, arrepios e medos, o único que gritasse ao sentir dor, uma insignificância em relação a todos os outros, o abstrato sendo concreto a um mundo vazio que não entendia o sentir. Nessa ilha existia uma doutrina diferente, uma sociedade distinta, com costumes peculiares, onde não existia ódio, não havia religião, nem esquerda, nem direita, onde o nome guerra não se proclamava, nem mesmo a paz se conhecia. E era serena a ilha, onde todas as pessoas seguiam caminhos retos, acordavam e dormiam sem se preocupar com absolutamente nenhuma questão que envolvesse o seu entendimento sobre a vida e as questões que podiam modificar o andamento do futuro, não existia futuro na ilha. Era uma ilha... sem medo, sem nada e rodeada por um tudo chamado infinito, era vazio. Caia do céu uma neblina que contornava todo o relevo do lugar, onde tudo era místico e mágico. Era uma ilha... do nada, nascida no nada. Onde só eu sentia, onde só eu amava. Mas quem eu amava ? Se ninguém sentia, quem eu admirava se tudo e todos eram sem alma. Mesmo sem ter quem amar eu amava. Eu amava a ilha.

Alisson Lucena
Enviado por Alisson Lucena em 28/05/2020
Código do texto: T6960327
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