(In) Consciência
Clarões intermitentes passando rápido. Luz impessoal. Sensação de frio. Silêncio absoluto. Pensamentos desconexos. Espaço irreal. Tento levantar, o corpo não responde, não o sinto. Os corredores são intermináveis, e a intermitência também. Pareço mergulhar num poço sem fundo. Tudo pára. Um disco que acende, luz que cega, penetra até o tálamo.
Uma voz distante insiste que eu não vá para a luz, não posso evitar, já que mesmo de olhos fechados estou inundado dela. Outras vozes, rápidas, precisas, cortantes. Tinir de metais, gosto acre, cheiro penetrante. Imagens sem foco, borrões coloridos como pinturas de Matisse misturam na mente o que vejo e o que lembro...Dor lancinante, instantânea, e a memória acessa momentos entrecortados, fragmentos de lembranças. Slides. Um sorriso, um vestido colorido, o anel, cabelos longos ao vento. Mais dor. Outros slides. Grama orvalhada, areia branca e solta. Maresia. Vozes e música. Explosão. Cores inimagináveis, sons incompreensíveis. Dor. Muita dor. E o silêncio... É a Morte.
Ainda a luz. Mas diferente agora. É quente e acolhedora. Percebo mesmo antes de abrir os olhos. Os velhos sons conhecidos. Em frente à janela, os cabelos longos soltos na brisa, um vestido colorido, nos dedos o anel e nos lábios o sorriso. Sorrio também. É a Vida.
Luiz da Silva Rosa
Enviado por Luiz da Silva Rosa em 16/10/2007
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