Relacionamentos

A conversa surgiu assim, quase do nada. Era uma palestra ministrada para jovens estudantes e a palestrante, para facilitar a interação com o grupo, interessou-se em saber o nome de uma das garotas que estava sentada à sua frente. Ao ouvir o nome da jovem - Luciana, se não me falha a memória - uma revelação nostálgica foi feita à plateia: Aquele era o nome de uma ex-namorada de seu filho mais velho, que ela imaginou que se transformaria em nora. O fato é que o namoro acabou e outras moças ocuparam o lugar daquela. E aí veio o desabafo: “- Esses filhos fazem cada uma com a gente! ... Trazem as namoradas (ou namorados) para casa, nos apresentam, afeiçoamo-nos a elas e, de repente, o namoro acaba e ficamos nós, como órfãos, curtindo a saudade daquela (ou daquele) que já era vista como uma pessoa da família”. O que para eles não passa de uma etapa normal da vida, (e o danado é que é!) para nós, os pais, acaba sendo um sofrimento.

Para complicar ainda mais a situação, nem sabemos ao certo como proceder nas histórias amorosas deles: se ficamos distantes das namoradas somos criticados porque não apoiamos, por isso ou por aquilo. Se nos aproximamos, eles acham que estamos sendo invasivos, por imaginarem que estamos querendo interferir em suas vidas. Durma-se com um barulho desses... O mistério é esse: saber a medida certa do nosso envolvimento.

Se a dor para os pais já é grande nessas relações de namoro, imagine quando se trata de casamento, com filhos envolvidos, e tudo o mais.

Ouvi recentemente a revelação de uma jovem recém-casada, que levava uma vida aparentemente harmoniosa com o marido, sem nada que justificasse uma separação. Um dia, assim sem mais nem menos, o rapaz revelou que ia embora. Não é que desgostasse dela, (fez questão de dizer), mas porque não se sentia mais feliz com o casamento. Simplesmente acabou o encanto.

Engolir um final desse jeito, sem antecedentes de atritos na relação, é um nó na cabeça de qualquer pai ou mãe.

Sei que para muitos jovens de hoje essas relações, mesmo as matrimoniais, são tidas como transitórias. Casa-se já com a perspectiva de que, se não der certo, separa, configurando-se o fim do casamento como uma coisa banal. Não prego aqui que as pessoas devam viver juntas somente porque se casaram, ou por que tiveram filhos, mas que levam uma vida infernal com agressões e falta de respeito de ambos os lados. Até porque, exemplo assim para os filhos, não é dos mais edificantes. Mas daí a encerrar um relacionamento a uma primeira dificuldade que apareça, também já é demais.

Ocorre que o relacionamento humano não é uma coisa simples. E aqui me refiro não apenas às relações a dois. Basta que um grupo de pessoas esteja convivendo proximamente, seja no trabalho, na igreja, no campo de futebol, em casa, no ônibus, tudo pode ser motivo de atrito. A arte da boa convivência está justamente em engolir alguns sapos de vez em quando. Requer paciência, compreensão, respeito, carinho, enfim, muito amor pelo ser humano.

Fleal
Enviado por Fleal em 23/06/2020
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