MILITARES

Não é sua função precípua, mas os militares em todos lugares vez ou outra inventam em se intrometer em questões de governo civil. Que mania estúpida de ilegalidade é essa, justo vinda de supostos defensores da lei? Por ser besta, e aqui me fazer de ingênuo, falarei agora de duas suposições, só para dizer coisas que por serem parecidas com verdades possam não me deixar passar por narigudo. Primeiro, a de que a função dos fardados é "fazer a política por outros meios", que é a guerra. E no comichão do tédio de não ter o que fazer por falta de um "de bellum" é que militares resolvem meterem-se na política de armas convencionais. Isso dá uma sensação de utilidade, de ócio produtivo. Bagunça na rua, paz na caserna! Outra possibilidade: se há guerra, ela "é um assunto muito sério para ser confiada aos militares" (um impagável chiste com a máxima a respeito da política). Ouvi isso num filme do Louis Malle. Na França, país onde os civis sempre se deram mal com seus militares(vide Pétain, derrotado em Verdun, malogrado em Vichy). O "melhor" deles, Napoleão, na verdade era de ascendência italiana. Meteu-se em política, perdeu no campo de batalha. Outro foi De Gaulle, um militar civilista que só viu guerra de seu belvedere sito na Grande Albion, do outro lado do Canal. A guerra não foi confiada a ele. Fez política, que não é um assunto muito sério e que por isso pode ser confiado a militares? Não seria por esta razão que muitos creiam que a um péssimo piadista patenteado possa ser confiada a nossa hiperlolicameente péssima política?

Bem, não sei mais o que queria falar. Mas fico tranquilo, a culpa desse nonsense todo não é minha. Pois também sei que o buraco é bem abaixo: a ideia de que é preciso fazer o mal pra se ter o bem. Bem como porque estou pouco disposto a pensar sério sobre temas sérios.