O BENZIMENTO - O BEM DIZER

A minha irmã caçula tem dois meninos, um com doze e outro com dez anos. Aqui no Paraná, chamamos o menino de “pia”. Em visita a sua casa, os piás passaram por nós como uma “flecha”, então minha irmã disse: “Esses piás hoje estão agitados, estão precisando de um benzimento”. Naquele momento vi minha saudosa mãe falando. A frase foi reprise. Me fez recordar a infância, aí lembrei de quando nossa mãe se vendo em apuros para dar conta dos cinco filhos, dois piás e três meninas, todos muito arteiros, dizia: “Hoje vocês estão agitados, irão se benzer”. Às vezes íamos nos benzer na DONA SILHANINHA. Era uma senhora idosa, comentava-se que tinha mais de cem anos. Minha mãe fazia um pacote com alguns biscoitos, bolachas, e dizia: "entreguem para a Dona Silhaninha". Era um agradecimento, visto que benzimento não se cobra e ela não cobrava. Lá íamos nós felizes, nos gostávamos de sermos benzidos, gostávamos da “coceirinha” que dava quanto ela passava levemente a arruda pelo rosto. Lembro bem, a cozinha de Dona Silhaninha era de chão batido, uma corrente segurava uma panela de ferro, havia muita fumaça, às demais peças da casa eram de soalho de madeira, para ter acesso tinha que subir dois degraus.

Nesta viagem ao tempo de criança, não posso deixar de destacar mais duas pessoas importantes que também tinham o Dom, às Graças do Benzimento. Seu JONAS, um senhor baixinho, gordinho, muito simpático, só a sua fala já acalmava, muito agradável. Deixei para mencionar por último a Dona Dorva, em vista que esta a considero como da família, viu minha mãe e todos os demais nascer. Foi uma Mulher que optou por ficar solteira, certamente para ter mais tempo para se dedicar aos seus e a todos os demais de sua amizade. Mulher simples, amável e prestativa. Além de todos estes predicados, era benzedeira de mão cheia. Foi ela que mais nos benzeu. Não seria exagero dizer que tínhamos uma benzedeira em nossa casa. Nem precisava nossa mãe pedir, ela mesma quando nos via dizia: “Venham aqui meus 'fios', vou benzer vocês”. Eu muito amigo de um sobrinho dela, atualmente meu compadre, era benzido toda a semana, proteção total.

Lembro de todos eles com Alegria, todos usavam arruda no momento do Benzimento. Lembro que o benzimento começava com o Sinal da Cruz, segurando um calinho de arruda que passava pelo rosto, as palavras não eram perceptíveis, eram pronunciadas bem baixinho. A verdade é que gostávamos de sermos benzidos. No dia posterior ao benzimento, ouvia minha mãe em conversa com nossas tias, dizer: “COM O BENZIMENTO ... DORMIRAM COMO UNS ANJOS, ESTÃO CALMOS.”

Esta lembrança me faz bem, só de falar da Dona Silhaninha, do Seu Jonas e da Dona Dorva, me sinto como que sendo novamente benzido. Rogo para eles que estão lá do outro lado que, em união, nos dêem a Graça do Benzimento, intercedam junto ao Criador, derramem muitas luzes a todos nós neste momento de dificuldades que vivenciamos, visto que as Graças do Benzimento, o Bem Dizer, é um mistério, pode vir de longe, é um ato de FÉ, feito com amor e a intenção de auxiliar e ajudar o outro. O Amor está em todas às religiões, o Amor é entendido em todas as línguas. O Amor é um Dom de Deus.