Uma vida de cachorro

Hoje cedo, eu me encontrava na fila do caixa da padaria de costume, onde reencontrei um grande amigo que há muito não o via, o "Léo", o grande e nobre "Leocádio", advogado aposentado e quase ultrapassando os 80.

Como eu estava a pé, e o meu apartamento situa-se uns aproximados 100 metros da padaria em pauta, o nobre Léo, me ofereceu uma carona. Agradeci a cortesia, pois moro bem próximo; mas, devido a tantas insistências, acabei aceitando, não custaria nada.

E quem disse que não custaria nada? Ledo engano!

Ao abrir a porta do carro, fui, assustadoramente, surpreendido por Catherine e Cláudio, fogosos caninos que acabaram me derrubando na poltrona e se enrolando com a sacola de pães.

Aos poucos, Cláudio foi se acalmando e passando para o banco de trás; e Catherine continuou com o seu fogo a todo o vapor, entre gracejos e lambe-lambes, e assim foi o percurso de volta pra casa.

Mas, o amigo Léo, com o seu jeito carinhoso com os belitos cachorritos, chamando-os de meus netinhos, porque pertencem à sua filha, e tem o hábito de passear com as fofuras caninas todas as manhãs, veio-me a seguinte reflexão:

1) Eh! Parece que o ditado estou levando "uma vida de cachorro" sofreu corruptelas pela dinâmica evolutiva do coloquialismo da nossa língua portuguesa brasileira, com certeza.

2) Pelo que tenho observado, inclusive em outros casos, com outros Leocádios, os cachorros são excelentes companhias e, em contrapartida, recebem tratamento que muitas companhias humanas jamais receberiam. Mas, convenhamos: os nossos irmãozinhos caninos merecem, não é mesmo? E os humanos também. Brincadeiras à parte.

3) Ah! E os irmãos vira-latas? Aqueles que vivem nas ruas, como são tratados? Eh! Então, realmente, vida de cachorro não é fácil. Mas, há casos e casos.

De repente, volto-me da minha reflexão, quando o amigo Léo para o carro e me desperta dizendo:

- Pronto! Já chegamos.

Estávamos em frente ao condomínio, onde moro. Agradeci o amigo Léo, e também ao Cláudio e à Catherine. Saí do veículo e, com o devido cuidado, fechei a porta do carro, por causa dos pula-pulas dos irmãozinhos caninos.

O amigo Léo, o Leocádio, seguiu o seu percurso e eu adentrei ao condomínio, retornando-me à reflexão:

- Se o poder público e a população cumprissem, de fato, a legislação de proteção aos animais, até que viver "uma vida de cachorro" seria um bom negócio.

Yé Gonçalves
Enviado por Yé Gonçalves em 03/08/2020
Reeditado em 22/08/2020
Código do texto: T7025208
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