Empatia

E quem disse que rede social é só para conversas insossas? Pode até ser.... Mas os bons debates também prosperam por ali. Até participo de alguns grupos, em papel de provocador, mesmo que, por vezes, me pegue falando sozinho. Mas nem por isso vou desistir.

Lembro que no tempo em que ainda estava no batente, como professor, fazia parte de grupos das instituições em que ensinava. Ali, figuras como Vygotsky, Piaget, Ausubel, tornaram-se amigos íntimos, tão presentes que eram em nossas conversas. Lembro de um colóquio que teve origem em uma postagem de Simone sobre empatia. Era assim: “A capacidade de se colocar no lugar do outro é uma das funções mais importantes da inteligência. Demonstra o grau de maturidade do ser humano”. Outra amiga muito querida, Jânia, deixou seu recado. Lembrou-se de um professor da época do doutorado, que questionava essa história de alguém se colocar, efetivamente, no lugar do outro. Bel, Aliceana e Mariana também botaram as suas colheres nesse papo. Umas após a intervenção de Simone, e outras depois da prosa de Jânia.

Entrei em campo, lembrando do Dr. Wanderley Pires, médico paulista, palestrante sobre inteligência emocional que, com o tema em voga, após o lançamento do livro de Goleman, andou palestrando em nossa cidade, como fazia pelo restante do país. Numa conversa com ele, fora do evento, falávamos sobre “faça ao outro aquilo que você gostaria que fosse feito com você”. Na visão dele esse dito deveria ser modificado para “faça ao outro aquilo que o outro gostaria que fosse feito com ele”. Pode até parecer um mero jogo de palavras, mas é muito mais que isso. Muito simples: você é você, com as suas idiossincrasias. Já o outro, é o outro, com as idiossincrasias dele. O que é bom pra você, nem sempre é para o outro. Diante disso, a pergunta: a gente consegue, efetivamente, se colocar no lugar do outro, ou seja, ser empático, com esse mundo de diferenças que nos torna únicos?

Quando entrei na conversa já era quase meia noite. Ao acordar cedo para pedalar, o tema voltou à mente. Entre uma pedalada e outra, o pensamento fervia. E Lupicínio já dizia: “O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar”. Fiquei imaginando então um pai (não uma mãe) que perdeu um filho. Já ouvi de alguns que tiveram esse infortúnio, que é a pior dor que um ser humano pode sentir: enterrar o próprio filho! Aí não tem jeito: mesmo não tendo passado por isso, empatizamos com o outro. Mas eu pensei mais: Será que o sentimento de perda é o mesmo para cada um deles? Qual era a relação dele com esse filho ou filha? Que tipo de pai ele era? Ele era um pai amoroso, presente na vida do filho? E essa pessoa, o que representava também na vida desse pai? E se esse pai fosse como um famoso jogador de futebol, por exemplo, que mesmo o teste de DNA tendo dado positivo, e a filha a cara dele, recusou-se até o fim, aceitá-la como filha? A dor sentida é a mesma? Ou só alguém com atitudes parecidas poderia se colocar no lugar dele, efetivamente? Continuo sem respostas. Só com indagações.

Fleal
Enviado por Fleal em 08/09/2020
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