O CANTO DAS CIGARRAS

Elas vieram!

Confesso que esses dias andei pensando muito nelas, cheguei até a comentar com um dos meus filhos sobre o sumiço das criaturas.

Será que fugiram do "flango flito" e aderiram ao "fica em casa", sugerira eu, em tom de galhofa.

Não sei porque, mas um certo silêncio me incomodava.

De repente o som do bater frenético de suas asas ao entardecer estava me fazendo muita falta. Uma espécie de sineta tocava na minha cabeça às tardes me cobrando, ei onde elas estão?

Talvez, pelos anos já vividos, uma espécie de condicionamento cerebral me avisasse com um

"Olá, é Primavera, onde estão as cigarras?

Por que não estão a cantar?

Que silêncio é esse?

A primavera já está começando a tomar força e isso está visível no verde que voltou aos gramados, aos parques e nas árvores todas floridas pela cidade.

Apesar de andarem em falta ultimamente, por aqui as chuvas andaram caindo bem no mês passado.

Então, onde está o canto típico desses insetos, tão presentes neste período do ano, que não se faz ouvir e meu cérebro cobra?

Mas eis que para minha surpresa, elas voltaram, namoraram e cantaram.

Estranhei porque já era noite alta, pois já era quase 22horas.

Vieram, e como de costume, os machos agitaram suas asinhas e partiram para o feliz acasalamento.

E eu ouvi feliz e pensei com meus botões : Oba de volta ao mundo normal, opa, normal?

Cigarras do por do Sol, cantando às 10 da noite?

Seria este também mais um capítulo do tal "Novo Normal"?

Eu hein!

Eliana Braga

Gaivot@

05/10/2020

Eliana Gaivota
Enviado por Eliana Gaivota em 07/10/2020
Reeditado em 09/03/2022
Código do texto: T7081766
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