Onde está cazuza?

Que pergunta tola você vai me responder, todos sabem que ele morreu há décadas, e não importa seu gosto musical, certamente há de se lembrar da sua canção “Brasil, mostra sua cara”, na qual ele pedia, insistentemente que confiasse nele. Morreu sem saber quem era o sócio.

E também não importa sua crença, qualquer que seja, você há de concordar que ele deve estar muito assustado. Esse Brasil que está se deixando ver já provou que não tinha só um sócio, mas uma sociedade anônima inteira, e é tão grotesco que eu o comparo a uma crônica reescrita e atualizada de hora em hora, onde nos é apresentado um festival de bizarrice, são acontecimentos para acordar Lázaro que dirá um poeta, menino e mimado.

E não, não vou falar de política, essa sociedade anônima “que os homens armaram para me convencer” tem cara de ser perigosa. Tem candidato condenado com tornozeleira fazendo campanha para ser eleito. Alguém tem dúvida de que ele vai ganhar, de que vai tomar posse e vai governar? E depois, ainda vai perseguir e “encher o saco” de quem foi contra?

Têm criminosos sendo soltos porque nossa justiça tem medo de que eles se contaminem nos presídios. Veja como ela é magnânima e generosa: é preciso protegê-los. Os direitos humanos estão de olho e cobrando o direito de quem perdeu o direito. Ah, e tolhendo o direito de quem tem direito. Assim é melhor eu me calar quanto aos direitos. Outros assuntos, ufffa, podemos, por enquanto, falar.

Ontem assistia a uma cena que me deixou impressionada, nem Hitchcock sonhou tamanho sinistro : Uma senhora levou o marido morto numa agência bancária para fazer prova de vida. É a vida imitando a arte contrariando Aristóteles que teorizou que a arte imitaria a vida. Eita pátria amada, “quero ver quem paga para a gente ficar assim”.

Para não dizer que eu sou exagerada, a crônica foi atualizada: “Apagar sem ver toda essa droga” quatro cidadãos brasileiros, feios, magros, assustadores foram filmados carregando um corpo numa carroça. Identificado o morto: um soldado. E os quatro foram presos.

__ A polícia os prendeu? __ sou eu indignada. E você me pergunta:

__ Está admirada por que, ela não devia?

__ Sim, claro, sou a favor que prendam todos, não só os andrajosos, esfrangalhados, mas também os bem nascidos, os engravatados, os endinheirados que são tratados diferentes pela justiça nessa “Grande pátria desimportante”, mas fique tranquila, mãe nação, “em nenhum instante eu vou te trair”.

E a crônica continua se atualizando, veja o senador com dinheiro enfiado na poupança. Comentei com uma amiga:

__ Veja só, são trinta e dois mil “anais”.

E ela me respondeu: __ Amiga, trinta e dois mil, pensa no prazer...

Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 20/10/2020
Reeditado em 20/10/2020
Código do texto: T7091885
Classificação de conteúdo: seguro