Patriotismo

Hoje saí de casa, para servir ao meu país? Mas, servir a quem nos manda, ou a quem nos compreende? Se sacrificar de verdade pela pátria?

As portas se fecharam atrás de min. Passei por um corredor repleto de cartazes colados nas paredes, alguns avisos, propagandas publicitárias do governo incentivando os jovens a exercerem o seu dever de servir ao seu país, e uma curiosa simbologia militar que dava um ar demasiado sério, mesmo para aquela situação.

Entrando em um salão no final do corredor, pude notar que muitos já estavam esperando impacientes, em seis filas de quinze pessoas, Inertes. Logo apertei-me em meio aos que estavam na primeira fila oposta à entrada do pátio.

Um senhor de meia idade, bastante austero e olhar inflexível, entrou pela parte abobadada por telhas numa estrutura de madeira a frente das filas, subindo por uma escada em direção ao palco onde se encontravam uma caixa amplificadora com um microfone em cima e uma haste vertical onde jazia presa a bandeira do Brasil.

O senhor vestido com uma farda do exército começou seu discurso olhando vagamente para os rostos daqueles jovens, que muito provavelmente, nem se quer entendiam o significado das palavras que o mesmo dizia numa voz pastosa.

O homem fez uma pausa pigarreando no final de sua frase. Agora adotando uma postura ainda mais imponente, ligou o amplificador ao lado, que por sua vez produziu um barulho grave e incômodo que fora rapidamente substituído pela gravação do hino nacional interpretado pela orquestra do exército brasileiro.

Em um coro desajeitado nossas vozes se ergueram, o senhor a frente observava com atenção um grupo à sua esquerda cujas bocas estavam visivelmente apenas se mexendo sem produzir som algum.

Observando atentamente e cantando ao mesmo tempo olhei para a nossa bandeira. O pedaço de pano verde e amarelo farfalhava se abrindo e revelando uma frase positivista escrita há muito tempo.

O que significa tudo isso? Perguntei-me, Subitamente. Aquele ritual, agora, me parecia tão trivial.

Ha algum tempo havia ouvido de um senhor aposentado que, "o exército forma cidadãos de hombridade". E me perdi novamente em pensamentos.

O que é ser um cidadão, se não a luta diária, que por vezes fracassa por falta de oportunidades? Não há justificativas, que amenize o fato de existem brasileiros morrendo de fome. Muitos deles!

Enquanto a minoria arrogante, simplesmente se preocupa com o personagem que irá interpretar na próxima entrevista coletiva, a fome de outros é ignorada. Sobretudo os impostos absurdos, representantes que se nenhum decoro, manipulam processos públicos a seu bel-prazer. Fome de pão e fome de justiça, sentem.

Como se já não bastasse terem sido humilhados e escravizados, os negros, agora enfrentam a maior das discriminações, sendo obrigados a conviver com a vergonha de talvez serem admitidos na universidade, não por mérito próprio e sim por um sistema de cotas.

“Verás que um filho teu não foge a luta...” Luta para se auto beneficiar ou pela ética e perseverança? Vergonha na cara!