O Desabafo Nem Tão Secreto Assim

Hoje foi um dia bem difícil. Cansado de ser forte. Nada grave. Apenas um vulcão que está prestes a entrar em erupção. Muita coisa acumulada. É esse o problema. Dizimaram todas as minhas possibilidades de atingir o que eu queria. Só me restou a frustração em determinados momentos. Sensação de imobilidade e fraqueza ao mesmo tempo. Como se eu fosse fraco demais, mas estou de pé apesar disso.

Sabe quando você quer falar muita coisa e não recebe créditos por aquilo que diz? Como se as pessoas a sua volta normalizassem o fato de você estar num desânimo e ainda assim pensam que você tem que seguir em frente. É cansativo, exaustivo demais.

Cansado das falsas relações convenientes... Cansado das vidinhas medíocres que nos cercam e nos consomem. Tenho sido uma fênix constantemente. Embora muitas vezes tenha considerado a hipótese de acabar com todo o castelo de areia diário.

A sensação que eu tenho é que ser desalmado compensa. Parece que o lado obscuro triunfa. O mundo já foi mais sincero e as pessoas ainda mais sinceras com elas mesmas, apesar de toda a pressão externa que as diluiam.

Nem tenho talento para ser desalmado. É apenas revolta. Vejo tantas pessoas cruéis que conseguem manter um estilo de vida tranquilo enquanto gente como a gente que busca semear o bem, sempre assim, nesse marasmo. É revoltante a farsa que a humanidade se tornou. Deprimente, eu diria.

A vida tem se tornado um complexo de mentiras. E eu não quero fazer parte disso. É corrosivo. Tenho muitas qualidades que nem sei domar ou que me atribuem e eu esteja apenas acreditando por via de terceiros. Uma via de mão dupla que aparece na minha frente sem muitas opções de escolha. É estranho, sublime, poético e ao mesmo tempo disforme.

É uma espécie de redoma onde todas as circunstâncias se encontram, nos deixa paralisados e com a vontade de desabar em certos momentos. É nessas horas que tentamos nos compreender melhor mesmo estafados. A vida tem sido cruel demais ultimamente. As pessoas anestesiadas diante do outro e uma falsa alegria que se estende pelas redes sociais como se fosse genuína.

Tudo tão líquido e ao mesmo tempo tão estranho enxergar tamanhas frustrações que se aglomeram dentro de nós mesmos enquanto tentamos não sucumbir em meio ao péssimo gosto de revelar aos nossos personagens quem somos de verdade longe do olhar das pessoas que nos cercam. Um convite visceral da vida para conosco. Uma realidade brutal.

Hivton Almeida
Enviado por Hivton Almeida em 14/01/2021
Código do texto: T7159239
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