Problemas de comunicação

É muito comum, no vaivém do cotidiano, depararmos com diversos conflitos, que acabam resultando em desentendimentos. São problemas de comunicação. São os tempos de intolerância que ainda fazem parte das relações humanas.

Aliás, os problemas de comunicação ocorrem em todos os segmentos sociais, em todos os níveis e em todas as ocasiões. É o problema de comunicação no trânsito, na família, no trabalho, nos eventos sociais, na política, no esporte, na escola, nas associações religiosas, nas peladas de fim de semana, no âmbito da justiça... e, o mais complicado, quando o problema é de autocomunicação. Quando não conseguimos entender o que somos realmente; o que representamos para nós mesmos; a nossa proposta de vida; a nossa própria fala.

Quantas vezes ofendemos os outros, mesmo sem saber, ou sem perceber, por causa de uma palavra mal falada ou mal interpretada pelo nosso interlocutor?

Quantas vezes um gesto impensado, ou um ato falho, já é motivo para o início de uma contenda ou outra coisa pior?

Agora, a fim de ilustrar o tema em pauta, certa vez eu me encontrava de viagem, de ônibus, com destino à cidade de Teófilo Otoni/MG. Em uma parada na estação rodoviária na cidade de Itambacuri/MG, para embarque e desembarque de passageiros, havia lá fora, próximo à janela do ônibus, perto de onde eu estava, um vendedor de laranjas que anunciava em voz alta:

- Olha a laranja! Olha a laranja! Olha a laranja!

Um dos passageiros abriu a janela e perguntou ao vendedor de laranjas, também em voz alta:

- É doce?

O vendedor de laranjas respondeu, também em voz alta:

- Não senhor! Se fosse doce, eu estaria gritando “olha o doce, olha o doce, olha o doce”, e não "olha a laranja".

Aí começou o desentendimento. O passageiro, sentindo-se ofendido, por causa das risadas dos demais passageiros, ameaçou sair do ônibus. O vendedor, esperto, saiu correndo com as laranjas, até sumir na esquina.