O SILÊNCIO DO AMOR.

E ele deveria ficar calado.

Estático, silente, introspectivo.

Calmo, manso e pacífico,

Mas não,

Desde criança, com apenas três anos, colocou-se, posicionou-se, por seus direitos, ao apontar um saco de balas ao dono de uma birosca, Sr. Gumercindo, no interior do Rio de Janeiro, em Araruama, o que foi imediatamente repelido por sua mãe, por ter sido avisado anteriormente que não deveria pedir ou simplesmente sugerir a aquisição de doces.

No que foi prontamente atendido pelo comerciante, fornecendo-lhe balas, inteiramente grátis.

Ele deveria não opinar, observar, questionar.

Nada.

Fazer nada.

Mas não,

Passou a infância, adolescência, juventude e vida adulta, sempre dando pitacos, intervindo, afirmando, firmando e formando opiniões.

Estudou, aprendeu, desaprendeu, leu, escreveu, apagou escritos, jogou fora rabiscos,

fez poesias, descreveu vidas, observou a terra, o sol, a lua e as estrelas, cantou noites e dias, deitou em oceanos, chorou cachoeiras, surfou em ondas de carinho e afeto,

Amou.

E ela assistiu a isto tudo e não disse nada, absolutamente nada do que ele queria ouvir.

E ele perdeu o chão, amou sem razão e também calou-se,

Dormiu,

Nada disse.

Por: Jaymeofilho.

Jaymeofilho
Enviado por Jaymeofilho em 06/05/2021
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