O SILÊNCIO DO AMOR.
E ele deveria ficar calado.
Estático, silente, introspectivo.
Calmo, manso e pacífico,
Mas não,
Desde criança, com apenas três anos, colocou-se, posicionou-se, por seus direitos, ao apontar um saco de balas ao dono de uma birosca, Sr. Gumercindo, no interior do Rio de Janeiro, em Araruama, o que foi imediatamente repelido por sua mãe, por ter sido avisado anteriormente que não deveria pedir ou simplesmente sugerir a aquisição de doces.
No que foi prontamente atendido pelo comerciante, fornecendo-lhe balas, inteiramente grátis.
Ele deveria não opinar, observar, questionar.
Nada.
Fazer nada.
Mas não,
Passou a infância, adolescência, juventude e vida adulta, sempre dando pitacos, intervindo, afirmando, firmando e formando opiniões.
Estudou, aprendeu, desaprendeu, leu, escreveu, apagou escritos, jogou fora rabiscos,
fez poesias, descreveu vidas, observou a terra, o sol, a lua e as estrelas, cantou noites e dias, deitou em oceanos, chorou cachoeiras, surfou em ondas de carinho e afeto,
Amou.
E ela assistiu a isto tudo e não disse nada, absolutamente nada do que ele queria ouvir.
E ele perdeu o chão, amou sem razão e também calou-se,
Dormiu,
Nada disse.
Por: Jaymeofilho.