"OS CRIMINOSOS NA ARTE E NA LITERATURA."

Enrico Ferri, tratadista italiano, penalista célebre, Professor então da Universidade de Roma e da Universidade de Bruxelas, abrindo a obra que tem por nome o título da crônica, antevia o que passamos com habitualidade de infestação, sic:

“ Hoje, concebe-se claramente que a loucura não é um ato voluntário..as enxovias a que outrora eram sujeitos os alienados e que ainda hoje o são os criminosos, sem que com isso se consiga corrigir os condenados e proteger a sociedade, não serão, no futuro mais que recordações do passado”.

Do real para a ficção futurista a genialidade existente.

Ferri cedia ao princípio de que deve se desviar dos criminosos a atenção e a simpatia públicas, e concentrá-las unicamente sobre as pessoas honestas que sofrem e são esquecidas. Dá-se o inverso.

O palco é dos desonestos de todos os matizes, sequências, classes, mostram as enxovias vazias dos que lá deviam estar, e estão a proclamar o mesmo de antes, no teatro maior da representação. Muitos que nas enxovias deviam estar ditam ética e costumes, condutas. Nas enxovias estão os de sempre, que o Estado não deu educação.

Os que não estão e deviam estar mal sabem ler e muito pouco interpretar, e dizem coisas...

Na parte subterrânea das antigas cadeias, a enxovia era insalubre, úmida e escura, onde ficavam os prisioneiros mais perigosos. Hoje os que lá deveriam estar pelo mal feito à sociedade, estão em locais exponenciais, estão ou estiveram.

Qualquer recinto mal arejado, como cérebros de uma boa parcela representativa, é uma enxovia. E transitam nesse espaço com desenvoltura, hoje, os que exercem o mando. Há uma classificação profissional que criminosamente legisla, gere, executa e interpreta a lei quando violada com os pés (a cabeça) no hálito das enxovias.

E diz Ferri, mesma obra; “ Faz muito tempo agrupei a todos (criminosos) em cinco tipos principais, o criminoso-nato, o criminoso louco, o criminoso por hábito adquirido, o criminoso passional, o criminoso acidental”, e arremata, “e a minha classificação bio-sociológica é hoje adotada por quase todos os sábios.”

Visíveis os que comandam as sociedades, são vibriões, perigo das bactérias móveis de grande atuação, não param de agir.

Qual a classificação desses criminosos na atualidade, acidental em razão do cargo, insanidade, etiológico, ou hábito adquirido?

Fico com a concatenação de todas - excluída a passional, por própria e personalíssima - com especificidade no hábito adquirido, um vício incontrolável que faz, inclusive, sucessão na prole. Está aí para ser visto.

Em livro de tomo, “A Vida do Direito e a Inutilidade das Leis”, Jean Cruet situa bem o que se vive, “ No reinado da lei o pobre e o rico têm direitos iguais...e o pequeno vence o grande se tem por si a justiça: é uma ideia remota, pois recebeu de Eurípedes, nas Suplicantes, uma expressão que atravessou os séculos. É uma ideia falsa, o direito não foi senão uma coisa, a organização das desigualdades”.

Há uma sinonímia de Ferri com Jean Cruet, os criminosos de envergadura, de mando, nunca terão como prioridade a lei e muito menos a igualdade. Vivemos no “Império da Falsidade”, basta ver que somos reféns do que mais necessita a vida, oxigênio, vítimas de um aerossol onde transita o vírus, com muitos cúmplices criminosos que alargam a via por onde a morte transita.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 02/06/2021
Reeditado em 02/06/2021
Código do texto: T7269935
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