DARÁ TEMPO??

Saio para a caminhada, fone de ouvido escutando músicas, o olhar atento a tudo e o pensamento vagando por todos os lugares e assuntos.
Passando pela lagoa do piscinão, onde a pista de caminhada faz um meio contorno, vendo o nascer do sol espetacular de todos os dias, as nuvens refletidas na água, as aves pescadoras com suas esperas e mergulhos e as capivaras, sumidas nas manhãs geladas, mas exibidas quando o calor domina, pastando no gramado da orla, nadando ou assentadas nas pedras existentes e destacadas da água.
Nesta manhã de domingo, o sol principiava o seu espetáculo e eu saia para sentir a brisa, ritmando meu fôlego a meus passos.
A lagoa estava lá como todos os dias, o sol no seu quase eterno apontar(dizem que morrerá um dia), as aves e eu um solitário naquele momento.
Sim as capivaras estavam algumas lá. Aprendi a conhecer um pouco delas as observando nesses oito meses de caminhada, quatro dias por semana.
Vi a época dos acasalamentos, acompanhei as gestações, percebi quando desapareceram e eu entendi que era o momento dos nascimentos, que foram em algum lugar reservado, longe da vista dos passantes. Vi há alguns dias, de longe, do outro lado da lagoa, uma delas com filhotes, e hoje, deve ser a mesma, penso, estava ali perto, como quem tivesse vindo mostrar pra todos o seu orgulho de mãe.
Dei essa volta toda pra falar sobre a natureza, como tenho acompanhado desde menino e perguntar a mim mesmo e a quem quiser ou puder responder, se haverá tempo para uma recuperação sustentável da natureza?
A natureza faz muito bem a sua parte, digo que o homem também tem evoluído e meus argumentos sustentam isso, mas o perigo é essa evolução que é lenta e talvez não consiga evitar que a insanidade humana destrua a ponto de se tornar irreversível.
Sobre essa nossa evolução, já escrevi sobre isso, aí para traz, comparo o meu tempo de menino e o de hoje. Teria muito o que contar sobre isso, mas resumir é preciso.
Nasci na época dos estilingues, das gaiolas, das espingardas, comum em todas as famílias. Tem muito bicho, que sem ser em zoológicos ou filmes, só vim conhecer muito recentemente. As pombas que hoje fazem ninhos nas árvores do meu quintal, a gente não via. Tudo era caça e, ou morriam ou sumiam pra não morrer. Isso mudou. Nossas crianças não admitem mais que se matem passarinhos ou outros bichos. Mesmo nas indústrias muita coisa já evoluiu, a contragosto de muitos que sempre se mostram resistentes, mas existe a evolução sim.
Dará tempo???
JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 06/06/2021
Reeditado em 06/06/2021
Código do texto: T7272557
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