O ciclo vital

O ser vivo, seja ele um bicho, uma planta ou uma pessoa, tem o ciclo de vida muito semelhante: nascer, crescer e morrer. Isso, claro, sem considerar as exceções, presentes em tudo. Mesmo que a passagem por esses estágios seja comum aos seres, para cada espécie há a sua especificidade. E o que acontece em cada uma delas é justamente o que torna esse ente não apenas diferente, mas único.

Os seres humanos têm essa consciência e, justamente por isso, sofrem ao longo desses estágios, não apenas pela sua espécie, mas até por aquelas pelas quais desenvolve algum apego.

Partindo dessa realidade do ciclo vital, muita coisa que faz parte da vida humana, por analogia, também segue essas etapas. Não é assim, por exemplo, com o namoro? As pessoas se conhecem, namoram, noivam e fecham o ciclo, que tanto pode ser encerrando aquele e partindo para outra relação, ou mesmo se casando. E aí já começa um outro ciclo, muito mais intrincado.

Muito embora essas regras sejam claras para todos, seja em relação ao namoro, casamento ou à vida, é sempre difícil conviver com os finais desses ciclos. Especialmente com a vida já que, diferentemente dos outros exemplos, não se tem a oportunidade de uma nova chance. E mesmo que a morte venha após o cumprimento de todo o ciclo vital, com o ser vivo desaparecendo por velhice, o normal é que se sofra muito com essa separação. E nem importa saber de cor e salteado que essa é uma realidade que mais cedo ou mais tarde aparecerá.

Assim como na vida, a extensão desse ciclo a outras atividades, se dá de forma parecida. Tome-se o caso, por exemplo, da relação de emprego. As pessoas começam a trabalhar numa empresa, têm o seu tempo de atividade (mais longo ou mais curto) e concluem o seu vínculo, após um determinado tempo.

Fato corriqueiro nas instituições é a admissão e demissão de pessoas. Em algumas delas esse fluxo é tão comum que essa movimentação de pessoal passa quase despercebida. Já em outras, pela relação próxima à vitaliciedade que se estabelece entre o empregado e a empresa, as saídas deixam marcas. Potencialize essa comoção quando esse afastamento se dá em massa, seja de forma incentivada ou compulsória. Na espera pelo dia D, vive-se situação parecida com a da Crônica de uma Morte Anunciada, de Gabriel Garcia Marques, em que todos sabem o que está para ocorrer, mas que nada é feito para evitar que aquilo aconteça.

A aproximação do momento da separação, do desapego, é dolorosa. Mutatis mutandis é como se estivéssemos velando um corpo por vários dias, e enquanto ele não é baixado, não se dá novo curso à vida, pensando-se até em respeito ao ser que está ali à nossa frente.

O fato – doloroso é certo - é que elas passam e a vida tem que continuar. Sofrimentos à parte, o que deve ficar mesmo é a lição que cada uma dessas pessoas deixa para os que permanecem. A sua dedicação, o seu companheirismo, o seu bom caráter, enfim, o seu exemplo. É nele que os que ficam ganham força para continuar tocando em frente.

Fleal
Enviado por Fleal em 29/06/2021
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